segunda-feira, 24 de setembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA A Sereníssima Republica de Veneza e seu Palácio (Parte I)



Quando você chega a Veneza pelo mar a primeira coisa que vê é a silhueta inconfundível do Palácio dos Doges, ou Palácio Ducal, mais discreto que a Basílica, menos opulento, e extremamente sofisticado. Representa a força da Sereníssima República, é o símbolo da glória e do poder de Veneza: foi residência dos doges, sede do governo, de um tribunal e de uma prisão do Estado.

Canaletto (1742-1744)  Piazza San Marco

No século VII famílias poderosas de Veneza resolveram eleger um “dux”, em veneziano doge, para favorecer a administração autônoma da cidade. Os habitantes da cidade não queriam, como outras cidades da península, que seu poder fosse considerado “a vontade de Deus”. Em Veneza o poder era da vontade dos venezianos...
Surge a necessidade de uma sede. Até o século IX, ergueram-se sedes que não faziam jus ao poderio da Sereníssima e que pouco duraram.
O Palácio Ducal (construção iniciada em 1340 e terminada em 1424), de estrutura enganosamente simples, mas na verdade cheia de mistérios, é majestoso, tanto em termos arquitetônicos quanto decorativos. Suas duas fachadas, uma voltada para a praça e outra para a laguna, parecem desafiar as leis da gravidade graças às arcadas no térreo, galerias abertas no segundo andar, encimadas por um corpo fechado, com janelas em ogiva.

Fachada do molhe (ao fundo a Biblioteca Sansoviniana, na Piazzetta)

São três as suas alas em torno de um imenso pátio central que é fechado pela Basílica.
Com a Piazzetta à sua frente e a Basílica ocupando o lado voltado para o norte, o Palácio Ducal forma um dos cenários mais conhecidos do mundo. Construído numa posição estratégica, controlando a cidade e seu acesso pelo mar, ele goza de uma das características das construções venezianas – a leveza. 
Apesar de longas e altas, as fachadas coloridas e suas esplêndidas arcadas góticas dão a impressão de uma renda e portanto seu tamanho não oprime.

 Detalhe da leveza de sua estrutura (e a linda coluna encimada pelo Leão de Veneza)

Foi só depois da construção da Sala do Conselho Maior que o edifício tomou a forma que tem hoje e foi considerado pronto. Sofreu ainda algumas obras, mas sobretudo de restauro e manutenção.
O portão principal é a “Porta della Carta”. Recebeu esse nome por ser o local onde eram afixados as leis e os decretos e onde os escribas anotavam as queixas e reclamações dos moradores da cidade. De estilo gótico florido, tem no pórtico um leão de São Marcos diante do qual se ajoelha o doge Francesco Foscari. Nos nichos laterais, a Força e a Prudência à direita e a Moderação e a Caridade à esquerda. 

Acima, a Porta della Carta que dá acesso ao pátio interno, e a Escada dos Gigantes da qual falaremos amanhã, entre outros detalhes e maravilhas.

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