Nomes são os fios condutores que ligam o abstrato ao concreto. Nomes têm o poder de atestar e reconhecer a materialidade, existência, tangibilidade a ideias, conceitos, pessoas, organizações, grupos e instituições.
Os antigos gregos, por exemplo, enquanto inventavam a democracia, sentiram necessidade de criar um nome pelo qual poderia ser identificado um grupo de pessoas que não se interessava em dela participar. Estas pessoas eram chamadas “idiotas”.
A palavra “idiota” nasceu na antiga Grécia para nominar aquelas pessoas que não estavam integradas na Polis grega. Idiotas eram aqueles que não se interessavam ou não participavam dos assuntos públicos e só se ocupavam de si próprios. Para os gregos, os idiotas eram os grandes inimigos da democracia.
”Idiota” vem da raiz "Idio", que significa próprio. Idiotas seriam, por exemplo, aquelas que somente se interessavam por assuntos privados. Eram aquelas que viviam em estado de ignorância optando por não perseguir a educação, considerada o único caminho para a cidadania. Os idiotas seriam os grandes obstáculos à cidadania.
Na definição grega, os idiotas não buscavam a informação como forma de absorver valores e comportamentos adequados a pratica democrática. Uma vez que não participar da vida publica e da democracia era considerado desonra, o idiota era visto como alguém que possuía julgamento pobre e não confiável em relação a assuntos públicos e/ou privados.
Do lado positivo, na Grécia antiga, a condição de idiota é reversível. A cura pode ser alcançada pela combinação de interesse e envolvimento em assuntos de interesse público, com a busca da educação, da informação e do conhecimento. Ser idiota, portanto, não é destino. É escolha.
Elton Simões mora no Canadá há 2 anos. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria). Email: esimoes@uvic.ca. Escreve aqui às segundas-feiras.
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