domingo, 23 de setembro de 2012

CRÔNICA Cartas de Toronto: A nova família canadense



A configuração da família canadense esta cada vez mais distante do comercial de margarina. O último relatório do censo de 2011 mostra que a típica família dos anos 60 com mãe, pai e três filhos dá lugar a novas dinâmicas e existências solitárias.
Aparentemente, o Canadá aos poucos se transforma na nação do “eu sozinho,” casais sem filhos, e famílias multinucleares e “mosaicos.”
As mudanças anunciadas pelo recente censo representam as escolhas da minha geração no Canadá. Os Millennials, como somos chamados por aqui, tendem a investir mais na vida profissional e adiar as próximas etapas de vida.
A popularização do concubinato, a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a presença feminina no mercado de trabalho há muito não são novidade; transformaram-se em alternativas viáveis entre adultos canadenses entre 25 a 35 anos.
Enquanto aqui as mudanças são vistas sob o prisma local, lembro-me que o último censo brasileiro identificou as mesmas tendências entre os millennials. Mês passado, O Globo mostrou numa série de reportagens o perfil da nova família brasileira, no qual 50,1% dos lares brazucas possuem “outros tipos” de arranjos familiares.
Os adultos de hoje tem menos filhos e a presença feminina no mercado de trabalho brasileiro é tão representativa quanto no hemisfério norte.
Toda geração se esforça para não reproduzir os erros de seus antecessores. Muitos dos millennials vivendo no Canadá estão mais preocupados em se estabelecer profissional e financeiramente antes de criarem uma família. O crescente declínio em serviços públicos e subsídio para creches e atividades extracurriculares influenciam diretamente a decisão de se constituir família por aqui. Aqueles que já se veem com o primogênito nos braços volta e meia enumeram o quanto precisam economizar para lazer e educação.
As consequências das decisões de hoje só serão visíveis em 20, 30 anos. À medida que transformamos a configuração populacional do Brasil e do Canadá, precisamos cobrar de nossos governantes medidas específicas capazes de preparar os países para o nosso envelhecimento.


Como será a nossa aposentadoria? Quão responsável serão nossos poucos filhos por nossas contas? Como podemos contribuir para o futuro de todos? Será a reprodução a saída mais viável?

Veronica Heringer é jornalista formada pela PUC-Rio, mestranda em media production pela Ryerson University e estrategista em marketing digital. Bloga noMadame Heringer.com e escreve para o Blog do Noblat aos domingos.

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