sábado, 18 de agosto de 2012

FRACASSO EDUCACIONAL


Rapphael Curvo (1)
As Universidades brasileiras tem um contingente de 6,4 milhões de alunos, ou seja, pouco menos de 3% da população do Brasil. Isto não quer dizer que o país está por formar esse total. Muitas são as desistências e inúmeras evasões além do que a maioria é de formandos nos chamados cursos tecnológicos, com dois anos de duração. Sobram poucos, diante das necessidades do nosso mercado de trabalho, de profissionais com curso superior completo.
O que agrava a situação é que desses 6,4 milhões, 38% não são plenamente alfabetizados. A universidade está em processo acelerado de perda de objetivo que é a formação profissional. Esta formação profissional se torna de responsabilidade das empresas em intensivos cursos. O conhecimento produzido pelas faculdades não está credenciando os diplomados a assumirem de imediato as operações profissionais nas empresas e desenvolver sua profissão.
O resultado desse desempenho universitário é o ponto final do canal da educação no Brasil que tem sua nascente na educação infantil e passa pelo ensino fundamental e médio. A grande maioria das escolas da educação infantil é desprovida de princípios pedagógicos e com isso se tornam meras depositárias de crianças. Poderiam, desde a tenra idade, aplicar conceitos matemáticos e outros comportamentais que criassem o primeiro embrião da compreensão, do entendimento e da curiosidade, esta fundamental para a evolução intelectual.
No ensino fundamental, que entre outros deveres, deveria ensinar o valor da educação para a vida de cada um dos alunos, o avanço educacional é pífio e nada sedimenta neles que possa servir de base no transcorrer de sua vida estudantil. Perde-se tempo e eficiência com atividades que pouco ou nada acrescentam ao desenvolvimento intelectual. A escola se torna um passatempo e fonte salarial de professores sem compromisso, salvo raras exceções, com a formação dessas crianças e adolescentes. No caso da iniciativa privada, os pais exigem, quando acontece exigir, melhor ensino, mas recusam ratear os custos. Aliás, em meus 19 anos de escola, não chegaram a 10 o número de pais que buscaram por informação sobre o projeto pedagógico. Neste campo educacional de ensino fundamental, os números da ineficiência são assustadores. Em 73% das escolas as notas variam entre 3,0 e 5,0. Acima de 5,0 somente 8% e apenas 4 escolas do Brasil conseguiram atingir a nota 8,0. Uma aberração.
Já o ensino médio, o que prepara a base das universidades, 65% pouco sabem das operações mínimas em matemática e tem baixo nível de leitura e entendimento do que leem. Como compreender conceitos matemáticos se não opera intelectualmente, ou seja, não entende o que lê? Para agravar ainda mais esta situação, as melhores escolas nesse nível de educação, preparam (?) os alunos para passar no vestibular, não se importando com a compreensão daquilo que estuda. É um aprendizado por indução e aí funciona a famosa decoreba. Estes resultados confirmam a situação do Brasil em avaliações internacionais quando sempre aparecemos entre os últimos.
O inacreditável de tudo isso é que tais resultados são velhos conhecidos do governo e dos “especialistas” em educação, mas nenhum movimento eficaz e concreto se vê na solução dos problemas que geram tais situações. O desenvolvimento intelectual de nossos jovens, na maioria, é tacanho e ridículo. É baixíssimo o nível de compreensão dos fatos pela imensa maioria da nova geração. Passam ao largo da situação grave desses resultados e o seu poder de reação é nulo. Essa é a razão do seu apego a bailes funk, drogas e modismos sociais e tribais. Não é preciso pensar, não foram e não são exigidos a isso nas escolas e muito menos no seio familiar. A crise existencial é questão de tempo e milhares encontram como alternativa o caminho do crime para fuga.
Descriminalizar as drogas é a maior imbecilidade praticada pelo governo e Congresso Nacional. O projeto já vai para aprovação em plenário e tal fato de descriminalização está embutida nas normas do novo código penal. A sociedade brasileira, pela sua inoperância e pelo analfabetismo funcional, nem sabe o que está acontecendo e muito menos ainda, se mobiliza contra os apoiadores do tráfico. Vão liberar o comércio para os traficantes porque o governo não terá cultivos para atender a demanda que vai explodir. É estapafúrdia a situação, mas são os políticos e governo que temos. São os primeiros resultados da pasmaceira da sociedade e do fracasso educacional.
(1)Jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes 

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