Augusto Nunes
O penúltimo parágrafo do texto que resumiu a aula de ética ministrada pelo advogado Sobral Pinto acionou o sinal amarelo: o desembargador Tourinho Neto, relator do pedido de habeas corpus impetrado por Márcio Thomaz Bastos em favor de Carlinhos Cachoeira, resolvera encampar integralmente os argumentos e reivindicações do especialista em garantir a impunidade de clientes culpados. “Tourinho votou pela soltura do meliante, preso desde 29 de fevereiro e considerou ilegal a escuta telefônica feita por agentes da Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo”, alertou o post. “Falta apenas um voto para a consumação da ignomínia”.
O próprio Tourinho tentou consumá-la nesta sexta-feira. Sem paciência para aguardar a manifestação dos dois desembargadores que completam a trinca incumbida pelo Tribunal Regional Federal de cuidar do caso, votou pela segunda vez a favor de Márcio, agora para aprovar outro recurso apresentado pelo doutor em truques de tribunal. O defensor de Cachoeira solicitou que fosse estendido ao chefe o habeas corpus concedido a um integrante da quadrilha. Muito justo, acedeu o desembargador já assinando o alvará de soltura.
Restrita à Operação Monte Carlo, a indulgência de Tourinho tropeçou no mandado de prisão expedido em decorrência de uma segunda investigação conduzida pela Polícia Federal. Cachoeira vai passar pelo menos mais um fim de semana na cadeia. Os dois desembargadores atropelados pelo relator deverão avalizar ou rejeitar, já na próxima semana, o parecer de Tourinho. Se a imensidão de provas resultantes da escuta telefônica sumir pelo ralo da esperteza, será ratificada a constatação incluída no post: sempre que Márcio Thomaz Bastos ganha uma causa, a Justiça é derrotada.
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