- Milhões de muçulmanos almejam, arriscando a própria vida, alcançar as fronteiras de uma civilização que eles mesmos culpam, historicamente, por todas as desgraças do mundo, incluindo as de seus próprios países.
- Muçulmanos nessa região do mundo veem o Ocidente Cristão como "diabólico", mas ainda assim eles sabem que as terras cristãs são as regiões mais decentes para se viver econômica e politicamente. Os riquíssimos estados árabes dão as costas ao sofrimento de seus irmãos muçulmanos que tanto necessitam de ajuda, e os hipócritas islamistas jogam a culpa de tudo o que está acontecendo no Ocidente.
- Lamentavelmente ninguém pergunta porque os muçulmanos que tanto "odeiam o Ocidente" se dirigem para lá..., ou porque não-muçulmanos devem pagar o preço pelas guerras exclusivas entre muçulmanos e pela onda de migrantes que elas criaram.
"A tragédia dos palestinos", escreveu o (falecido) Rei Abdullah da Jordânia em suas memórias, "é o fato da maioria de seus líderes os terem entorpecido com promessas falsas e infundadas de que eles não estavam sozinhos, que 80 milhões de árabes e 400 milhões de muçulmanos iriam instantânea e milagrosamente salvá-los".
Décadas mais tarde, os sírios fugindo da guerra civil em sua terra natal, constituem a espinha dorsal da tragédia mundial dos refugiados.
Oficialmente, a Turquia, muçulmana, acolhe o maior contingente de refugiados sírios (1,9 milhões). O Líbano abriga 1,2 milhões de sírios, a Jordânia mais de 600.000 e o Egito mais de 100.000. São cerca de quatro milhões de sírios, predominantemente muçulmanos.
Curiosamente (ou não), os refugiados arriscam suas vidas tentando ingressar no Ocidente, predominantemente cristão, o qual, provavelmente, a maioria deles considera o "mal". Centenas de milhares de sírios têm se dirigido para a Grécia através da Turquia ou para a Itália através da Líbia, milhares se afogaram nessa dura travessia, uma vez que seus botes infláveis, não raramente viram nos Mares Egeu e Mediterrâneo.
Autoridades da União Européia dizem que a crise de refugiados "pode durar anos", enquanto isso países europeus trabalham dia e noite para acomodar centenas de milhares de sírios em seus países. Mesmo países longínquos, não-muçulmanos, como Brasil, Chile e Venezuela disseram estar dispostos a receber milhares de refugiados.
Trágico? Sem dúvida. Mas de quem é a culpa? Segundo o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, a culpa é do Ocidente. Em março Erdogan censurou o Ocidente por ter acolhido apenas 250.000 refugiados sírios. E de acordo com o Primeiro Ministro da Turquia Ahmet Davutoglu, não somente os vizinhos da Síria e sim os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China), também deveriam pagar um preço.
Na realidade, milhões de muçulmanos almejam, arriscando a própria vida, alcançar as fronteiras de uma civilização que eles mesmos culpam, historicamente, por todas as desgraças do mundo, incluindo as de seus próprios países. Líderes da Turquia culpam não-muçulmanos pela tragédia. Contudo eles não dizem uma palavra sobre os países muçulmanos, vizinhos, riquíssimos em hidrocarboneto: nenhuma palavra sobre a Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Omã (que sem exceção empregam enormes contingentes de trabalhadores asiáticos) não terem acolhido sequer um único refugiado sírio muçulmano.
Há uma cronologia que mostra qual hemisfério do mapa político mundial vem tratando os problemas dos refugiados muçulmanos com relativa dedicação e qual lado com nítida crueldade.
Embora a maioria dos imigrantes muçulmanos no Ocidente tenha se integrado de maneira positiva em países como a Grã-Bretanha (com a maior parcela dos muçulmanos oriunda do Paquistão e de Bangladesh), França (do norte da África) e Alemanha (da Turquia), mesmo os países árabes que no passado abrigaram refugiados, se recusaram em conceder aos refugiados palestinos cidadania e demais direitos civis.
Nos anos 1970 e 1980, quando a Arábia Saudita enfrentava falta de mão de obra, ela recrutou milhares de trabalhadores da Coréia do Sul e de outros países asiáticos para preencherem as vagas recusando-se porém a empregar refugiados palestinos.
Até a deflagração da Primeira Guerra do Golfo, o Kuwait dava emprego a um considerável número de palestinos, mas ao mesmo tempo se recusava em conceder-lhes cidadania. Com o término da guerra, o Kuwait expulsou 300.000 refugiados palestinos.
Após a derrocada de Saddam Hussein, os refugiados palestinos no Iraque se viram diante de ataques sistemáticos de milícias xiitas muçulmanas. Até cuidados médicos foram negados a eles. Em 2012, pelo menos 300.000 refugiados palestinos viviam no Líbano. O Human Rights Watch classificou as condições sociais e econômicas dos palestinos de "estarrecedoras". No entanto o governo libanês vem ignorando, obstinadamente, seus pedidos por mais direitos à propriedade.
Antes do verão de 2012, o Egito mantinha uma política de movimentação restritiva aos palestinos que ingressavam no país, vindos de Gaza. Eles eram escoltados pelos agentes de segurança e não raramente eram detidos.
A crise dos refugiados sírios em terras que vão desde o Oriente Médio até o coração da Europa é mais um episódio no dilema gigantesco, de mil facetas do Oriente Médio: muçulmanos nessa região do mundo veem o Ocidente Cristão como "diabólico", mas ainda assim eles sabem que as terras cristãs são as regiões mais decentes para se viver econômica e politicamente. Os riquíssimos estados árabes dão as costas ao sofrimento de seus irmãos muçulmanos que tanto necessitam de ajuda, e os hipócritas islamistas jogam a culpa de tudo o que está acontecendo no Ocidente.
Lamentavelmente ninguém pergunta porque os muçulmanos que tanto "odeiam o Ocidente" se dirigem para lá, porque as nações irmãs, árabes muçulmanas, não levantam um dedinho sequer para ajudá-los ou porque não-muçulmanos devem pagar o preço pelas guerras exclusivas entre muçulmanos e pela onda de migrantes que elas criaram.
Esse sempre foi o jeito mais fácil.
Décadas mais tarde, os sírios fugindo da guerra civil em sua terra natal, constituem a espinha dorsal da tragédia mundial dos refugiados.
Oficialmente, a Turquia, muçulmana, acolhe o maior contingente de refugiados sírios (1,9 milhões). O Líbano abriga 1,2 milhões de sírios, a Jordânia mais de 600.000 e o Egito mais de 100.000. São cerca de quatro milhões de sírios, predominantemente muçulmanos.
Curiosamente (ou não), os refugiados arriscam suas vidas tentando ingressar no Ocidente, predominantemente cristão, o qual, provavelmente, a maioria deles considera o "mal". Centenas de milhares de sírios têm se dirigido para a Grécia através da Turquia ou para a Itália através da Líbia, milhares se afogaram nessa dura travessia, uma vez que seus botes infláveis, não raramente viram nos Mares Egeu e Mediterrâneo.
Migrantes zarpam em um bote inflável da Turquia para a ilha grega de Lesbos em 25 de agosto de 2015. (imagem: captura de tela de vídeo da Reuters)
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Autoridades da União Européia dizem que a crise de refugiados "pode durar anos", enquanto isso países europeus trabalham dia e noite para acomodar centenas de milhares de sírios em seus países. Mesmo países longínquos, não-muçulmanos, como Brasil, Chile e Venezuela disseram estar dispostos a receber milhares de refugiados.
Trágico? Sem dúvida. Mas de quem é a culpa? Segundo o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, a culpa é do Ocidente. Em março Erdogan censurou o Ocidente por ter acolhido apenas 250.000 refugiados sírios. E de acordo com o Primeiro Ministro da Turquia Ahmet Davutoglu, não somente os vizinhos da Síria e sim os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China), também deveriam pagar um preço.
Na realidade, milhões de muçulmanos almejam, arriscando a própria vida, alcançar as fronteiras de uma civilização que eles mesmos culpam, historicamente, por todas as desgraças do mundo, incluindo as de seus próprios países. Líderes da Turquia culpam não-muçulmanos pela tragédia. Contudo eles não dizem uma palavra sobre os países muçulmanos, vizinhos, riquíssimos em hidrocarboneto: nenhuma palavra sobre a Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Omã (que sem exceção empregam enormes contingentes de trabalhadores asiáticos) não terem acolhido sequer um único refugiado sírio muçulmano.
Há uma cronologia que mostra qual hemisfério do mapa político mundial vem tratando os problemas dos refugiados muçulmanos com relativa dedicação e qual lado com nítida crueldade.
Embora a maioria dos imigrantes muçulmanos no Ocidente tenha se integrado de maneira positiva em países como a Grã-Bretanha (com a maior parcela dos muçulmanos oriunda do Paquistão e de Bangladesh), França (do norte da África) e Alemanha (da Turquia), mesmo os países árabes que no passado abrigaram refugiados, se recusaram em conceder aos refugiados palestinos cidadania e demais direitos civis.
Nos anos 1970 e 1980, quando a Arábia Saudita enfrentava falta de mão de obra, ela recrutou milhares de trabalhadores da Coréia do Sul e de outros países asiáticos para preencherem as vagas recusando-se porém a empregar refugiados palestinos.
Até a deflagração da Primeira Guerra do Golfo, o Kuwait dava emprego a um considerável número de palestinos, mas ao mesmo tempo se recusava em conceder-lhes cidadania. Com o término da guerra, o Kuwait expulsou 300.000 refugiados palestinos.
Após a derrocada de Saddam Hussein, os refugiados palestinos no Iraque se viram diante de ataques sistemáticos de milícias xiitas muçulmanas. Até cuidados médicos foram negados a eles. Em 2012, pelo menos 300.000 refugiados palestinos viviam no Líbano. O Human Rights Watch classificou as condições sociais e econômicas dos palestinos de "estarrecedoras". No entanto o governo libanês vem ignorando, obstinadamente, seus pedidos por mais direitos à propriedade.
Antes do verão de 2012, o Egito mantinha uma política de movimentação restritiva aos palestinos que ingressavam no país, vindos de Gaza. Eles eram escoltados pelos agentes de segurança e não raramente eram detidos.
A crise dos refugiados sírios em terras que vão desde o Oriente Médio até o coração da Europa é mais um episódio no dilema gigantesco, de mil facetas do Oriente Médio: muçulmanos nessa região do mundo veem o Ocidente Cristão como "diabólico", mas ainda assim eles sabem que as terras cristãs são as regiões mais decentes para se viver econômica e politicamente. Os riquíssimos estados árabes dão as costas ao sofrimento de seus irmãos muçulmanos que tanto necessitam de ajuda, e os hipócritas islamistas jogam a culpa de tudo o que está acontecendo no Ocidente.
Lamentavelmente ninguém pergunta porque os muçulmanos que tanto "odeiam o Ocidente" se dirigem para lá, porque as nações irmãs, árabes muçulmanas, não levantam um dedinho sequer para ajudá-los ou porque não-muçulmanos devem pagar o preço pelas guerras exclusivas entre muçulmanos e pela onda de migrantes que elas criaram.
Esse sempre foi o jeito mais fácil.
Burak Bekdil, estabelecido em Ankara, é um colunista turco do Hürriyet Daily e Membro Destacado no Middle East Forum.
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