domingo, 14 de junho de 2015

Cartas de Nova York: Procurar cidades escondidas é a diversão de quem mora aqui

Luisa LemeÉ jornalista e produtora de documentários. Passou pela TV Cultura e TV Globo em São Paulo, e pelas Nações Unidas em Nova York. Mora nos Estados Unidos há oito anos e escreve aqui às quintas-feiras. Sempre no twitter: @luisaleme

Nessa carta, escolho alguns locais “fora do mapa” para quem quiser explorar um pouco mais e ter uma experiência mais local em Nova York
O mapa de Nova York que circula entre hotéis e bancas de jornal da cidade normalmente mostra somente Manhattan e, muitas vezes, chega até a deixar bairros como o Harlem–ao norte da ilha– de fora do desenho. Manhattan não chega a ter mais de 22 km, e está incompleta no mapa de quem visita à cidade. Imagine a diferença entre as ruas nas listas dos guias turísticos e a cidade dos que escolheram viver a vida por aqui.
Por isso, o resultado é aquele seu amigo ou conhecido que mora em Nova York te levando para jantar no Lower East Side, organizando passeios em Williamsburg, uma tarde de verão com direito a passeio e beer garden no Queens. O esporte favorito da cidade é encontrar lugares especiais, daqueles que “ninguém conhece” e que vão oferecer qualquer coisa de único nova-iorquino ao visitante. Se os apartamentos são pequenos e caros, e a grana acaba morrendo no aluguel, o nova-iorquino pelo menos se orgulha de conhecer as “bibocas” mais legais da cidade. Os lugares que fazem a Nova York de cada um ser diferente, individual, eternamente nova e interessante.
Nessa carta, escolho alguns locais “fora do mapa” para quem quiser explorar um pouco mais e ter uma experiência mais local em Nova York.
Chinatown com Coréia em Flushing
Para quem já foi a Chinatown em Manhattan, comeu dumplings por U$1,00 e conheceu os Cinco Pontos da história de Gangues de Nova York, o próximo passo é ir a Flushing. A nova Chinatown da cidade fica no Queens e cresce mais a cada dia, adicionando também uma nova Koreatown, que promete uma viagem culinária super em conta para os bolsos brasileiros. O sanduiche chinês “Pekin Duck bun” é a pedida que não pode faltar, no Corner 28, na esquina da Main Street e a rua 40. 
Tempos Medievais nos Cloisters
Washington Heights é um dos bairros mais ao Norte de Manhattan. O lugar já foi bairro irlandês, porto-riquenho, e agora é a casa dos dominicanos, muitos recém chegados. O Fort Tyron Park é um dos parques mais lindos da cidade e o segundo prédio do Metropolitan Museum of Art (aquele incluído no ingresso, mas que muita gente não visita) fica lá. Os Cloisters são a casa da coleção medieval do museu e os prédios são pedaços de castelos europeus transportados e montados em Nova York nos anos 30. A vista é para o rio Hudson, a George Washington Bridge e a única sensação mais bucólica possível em Nova York. A comida dominicana fica por conta do restaurante Malecon, “o rei do frango” da cidade.
Anos 20 na Ilha do Governador
A Governor’s Island tem vista para Wall Street, então, a ilhota não traz muito sossego. Entre o Brooklyn e a Estátua da Liberdade, a ilha costumava ser uma base militar e hoje é um parque que abre durante o verão. Bicicletas, piquenique e uma das festas mais legais da cidade, a Jazz Age Lawn Party, que acontece duas vezes por ano. Compre ingressos com antecedência, venha com traje dos anos 20, e aproveite a banda de charleston, os drinks, as roupas…Uma viagem no tempo.
Televisão e culinária no Queens 
Jackson Heights é a área mais diversa nos Estados Unidos, há mais de 30 línguas faladas no bairro. A variedade culinária segue o mesmo caminho dos idiomas. E uma linguagem universal, a da imagem em movimento dos filmes e da televisão, também mora por perto. O Museum of Moving Image em Astoria é uma joia rara para quem gosta de comunicação. Filmes e exposições como a sobre o programa Mad Men (a série nova-iorquina dos anos 50 e 60), são poupados da loucura de outros museus na cidade.
Chinatown, em Manhattan, abriga a maior concentração de chineses no hemisfério ocidental (Foto: Derek Jense)Chinatown, em Manhattan, abriga a maior concentração de chineses no hemisfério ocidental (Foto: Derek Jense)

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