Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo. O Museu Van Gogh em Amesterdão é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
Nenhum pintor sentiu melhor a força da música cromática da noite que o atormentado holandês Vincent van Gogh. Após exprimir a vida miserável dos camponeses e da gente humilde, em sua alucinação expressionista Van Gogh descobriu, no período de Arles (fevereiro de 1888 - maio de 1889), sob a influência dos dias iluminados pelo sol do Midi francês, o impacto das cores vivas da primavera que o conduziram a um novo cromatismo, bem como a uma nova visão fulgurante de um Universo profundo, ilimitado e infinito. Com estas descobertas, uma notável irradiação surgiu em suas telas, o que lhe permitiria ultrapassar o Impressionismo para atingir uma arte exaltada e violentamente expressionista.
Vincent Willem van Gogh (pronúncia em neerlandês: [ˈvɪnsɛnt vaŋ ˈxɔx] Ltspkr.png ouça; Zundert, 30 de Março de 1853 — Auvers-sur-Oise, 29 de Julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos.
A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, em 17 de Março de 1901.
Os astros não mentem! Segundo eles, o genial pintor holandês Vincent van Gogh pintou Casa Branca à Noite, uma de suas últimas telas, às 20 horas de 16 de junho de 1890. A conclusão é do físico americano Donald Olson, segundo ele, Van Gogh sempre demonstrou interesse pela astronomia. “Prova disso são cinco de seus quadros retratando com precisão o céu estrelado ao anoitecer”, afirma.
Mas como Olson descobriu o horário em que o gênio suicida pintou a obra? Primeiro, ele notou na tela um corpo celeste maior e mais iluminado que os outros. Só podia ser Vênus. A partir daí, Olson e seu colega Russell Doescher combinaram dados históricos em programas de computador, determinando a posição exata do planeta e das estrelas ao seu redor no período estimado pelas biografias de pintor.
“Assim que vi a obra, fiquei extasiado com seu realismo astronômico”, diz o físico. O fascínio foi tanto que o americano organizou uma excursão à Auverssur-Oises, no noroeste da França, onde identificou o que acredita ser a casa branca pintada por Van Gogh.
E nesse momento que o seu interesse, ou melhor, a sua sensibilidade de gênio o conduz ao Cosmo, ao Sol, às estrelas e aos planetas. Seduzido pela luz artificial, em Café noturno (setembro de 1888 - Arles), e pela miragem das noites, em Café de calçada à noite (outono de 1888 - Arles), ou pelas cintilações e reflexos das estrelas nas águas, em Noite estrelada (1889 - St. Rémy), Van Gogh procurou exprimir as noites cheias de estrelas em uma nova realidade luminosa e cromática até então desconhecida dos artistas.
Van Gogh confessaria a seu irmão, Theo, que experimentava uma terrível necessidade de sair à noite para pintar as estrelas. Movido por este impulso, Van Gogh instalou-se às margens do Ródano, de início colando velas nas abas do seu chapéu, depois sob um lampião de gás, para alumiar a palheta e a tela. Deste modo, Van Gogh pintou as estrelas em telas que, finalmente em setembro, seriam enviadas a Theo, com a observação de que a Noite estrelada era uma de suas obras mais calmas. Do ponto de vista artístico, Van Gogh encontrou em Arles, na Provença, uma nova harmonia na expressão da noite que não só seria o símbolo da vida, mas também o símbolo da morte. Depois de uma crise nervosa, na véspera do Natal, após violenta discussão com Gauguin, Van Gogh cortou a própria orelha. Logo em seguida, o pintor das estrelas solicitou ao irmão ser internado no asilo de Saint-Rémy. No período de Saint-Rémy (maio de 1889 - março de 1890), as estrelas continuariam dominando as suas telas, agora associadas aos ciprestes, que parecem ascender ao céu como flamas verdes imensas. É desse período uma série de novos estudos do céu estrelado: Noite estrelada (junho de 1889 - Museu de Arte Moderna de Nova York); Os ciprestes (também de junho de 1889 - Metropolitan Museum de Nova York); Passeio ao crepúsculo ou Casal ao luar (outubro de 1889 - Museu de Arte de São Paulo).
Dos seus quadros sobre o céu noturno, o mais notável é O caminho dos ciprestes (maio de 1890 - Museu Krõller - MüIler, Otterlo, Holanda), pintado em Auverssur-Oise, que Van Gogh descreveu em carta a Gauguin, de 17 de junho de 1890: "Um céu noturno com uma lua sem brilho, só o delgado crescente emergindo da sombra opaca projetada da Terra, uma estrela com um brilho exagerado, se você quiser, brilho suave de rosa e verde no céu ultramar onde passam as nuvens (...) Muito romântico, se lhe parece, mas também acho provençal...".
Nessa tela, a "estrela com brilho exagerado" é Vênus, que esteve em conjunção com a Lua em 19 de junho de 1890. Convém lembrar que, na época, Vênus Estrela da Tarde apresentava-se como um astro de visibilidade vespertina, na constelação de Câncer, quando também atingiu a maior latitude heliocêntrica norte. Por outro lado, o fenômeno que Van Gogh descreveu como "sombra opaca projetada da Terra" da qual emerge o fino crescente lunar é o conhecido fenômeno da luz cinzenta, tão comum logo que tem início a Lua nova. De fato, o crescente muito delgado - pouco luminoso - permite que se observe melhor a tênue luz cinzenta, ou seja, a luminosidade proveniente da Terra que a superfície lunar reflete. Assim, apesar da exaltação de cores, Van Gogh era um artista que não desprezava os modelos nem a realidade dos fenômenos. Ele soube, como ninguém, ouvir a sinfonia cromática do céu.
Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contatos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio.
Van Gogh era filho de Theodorus, um pastor da Igreja Reformada Neerlandesa (calvinista), e de Anna Cornelia Carbentus. Recebeu o mesmo nome de seu avô paterno e também daquele que seria o primogênito da família, morto antes mesmo de nascer exatamente um ano antes de seu nascimento. Especula-se que este fato tenha influenciado profundamente certos aspectos de sua personalidade, e que determinadas características de sua pintura (como a utilização de pares de figuras masculinas) tenham sido motivadas por isso. Ao todo, Vincent teve dois irmãos: Theodorus, apelidado de Theo, e Cornelius (Cor); e três irmãs: Elisabeth, Anna e Willemina (Will). Vincent era uma criança séria, quieta e introspectiva. Desenvolveu através dos anos uma grande amizade e forte ligação com seu irmão mais novo, Theo. A vasta correspondência entre Theo e Vincent foi preservada e publicada em 1914, trazendo a público inúmeros detalhes da vida privada do pintor, bem como de sua personalidade. É através destas cartas que se sabe que foi Theo quem suportou financeiramente o irmão durante a maior parte da sua vida.
Em 1880, Vincent decidiu seguir a sugestão do seu irmão Theo e levar a pintura mais a sério. Ele partiu para Bruxelas para tomar aulas com Willem Roelofs, que o convenceu a tentar a Academia Royal de Artes. Lá ele estudou um pouco de anatomia e de perspectiva.
Em 1881, Van Gogh mudou-se com a família para Etten, onde ficou amigo de Kee Vos-Stricker, sua prima e filha de Johannes Vicent Stricker. Ao pedi-la em casamento, ela o recusou com um enérgico "nunnncaaaaa". Porém, Van Gogh insistiu em sua ideia, o que gerou conflitos com seu pai. No final do mesmo ano, Vincent partiria para a Haia. Na Haia, ele juntou-se a seu primo, Anton Mauve, nos estudos de arte. Envolveu-se com uma prostituta grávida e já mãe de um filho, conhecida como Sien. Quando o pai de Van Gogh soube do relacionamento do filho, exigiu que ele a abandonasse.
Em 1883, mudou-se para Nuenen (Holanda) onde se dedicou à pintura. Lá se apaixonou pela filha de uma vizinha, Margot Begemann. Decidiram se casar, mas suas famílias não aceitaram o casamento, o que fez com que Margot tentasse o suicídio.
Em 1885, o pai de Van Gogh morreu de infarte. Neste mesmo ano ele pintou aquela que é considerada a sua primeira grande obra: Os Comedores de Batata. Em novembro do mesmo ano, muda-se para Antuérpia.
Os Comedores de Batata - By Van Gogh
O estilo de pintura acompanhou a mudança psicológica e Van Gogh trocou o pontilhado por pequenas pinceladas. Van Gogh apresenta sintomas de paranoia e imagina que lhe querem envenenar. Os cidadãos de Arles, apreensivos, solicitam seu internamento definitivo. Sendo assim, van Gogh passa a viver no hospital de Arles como paciente e preso. Rejeitado pelo amigo Gauguin e pela cidade, descartados seus planos da comunidade de artistas, se agrava a depressão de Van Gogh, que tinha como único amigo seu irmão Theo, que por sua vez estava por casar-se. O casamento de Theo contribui para a inquietação de Vincent, que teme pelo afastamento do irmão.
Em 1889, aos 36 anos, pediu para ser internado no hospital psiquiátrico em Saint-Paul-de-Mausole, perto de Saint-Rémy-de-Provence, na Provença. A região do asilo possuía muitas searas de trigo, vinhas e olivais, que transformaram-se na principal fonte de inspiração para os quadros seguintes, que marcaram nova mudança de estilo: as pequenas pinceladas evoluíram para curvas espiraladas. Em maio de 1890, Vincent deixou a clínica e mudou-se de novo para perto de Paris (em Auvers-sur-Oise), onde podia estar mais perto do seu irmão e frequentar as consultas do doutor Paul Gachet, um especialista habituado a lidar com artistas, recomendado por Camille Pissarro. Gachet não conseguiu melhorias no estado de espírito de Vincent, mas foi a inspiração para o conhecido Retrato do Doutor Gachet. Em Auvers Van Gogh produz cerca de oitenta pinturas. Entretanto, a depressão agravou-se, e a 27 de Julho de 1890, depois de semanas de intensa atividade criativa (nesta época Van Gogh pinta, em média, um quadro por dia), Van Gogh dirige-se ao campo onde disparou um tiro contra o peito. Arrastou-se de volta à pensão onde se instalara e onde morreu dois dias depois, nos braços de Theo. As suas últimas palavras, dirigidas a Theo, teriam sido: "La tristesse durera toujours" (em francês, "A tristeza durará para sempre").
A doença de Van Gogh foi analisada durante os anos posteriores e existem várias teses sobre o diagnóstico. Alguns como o doutor Dietrich Blumer, em artigo publicado no American Journal of Psychiatry, mantém o diagnóstico de epilepsia do lobo temporal, agravada pelo uso do absinto.
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