sábado, 13 de setembro de 2014

Cartas de Seattle: Quando reciclagem de lixo dá trabalho


Melissa de Andrade
Ah, bons tempos aqueles em que coleta seletiva significava separar lixo seco e lixo molhado. Em Seattle, jogar lixo no lixeiro requer atenção redobrada. Pode haver três, quatro opções – uma do lado da outra. E não necessariamente as mesmas opções em todo lugar. É comum ver gente indecisa diante dos cestos de lixo, a mão suspensa no ar esperando a decisão pelo repositório certo. 
Reciclado ou compostável? Compostável ou lixo comum?
Parece fácil? Não é.

Tem lugar que tem um cesto para vidro, um cesto para plástico e um cesto para o lixo comum. Aí você fica com pena de jogar fora o papel perfeitamente reciclável no lixo comum, só porque naquele lugar a quantidade de papel reciclável acumulada não justifica uma coleta específica. O papel sem uso volta pra bolsa, à espera de um lixeiro ecologicamente correto. 

E o lixo doméstico?
A prefeitura tem um manual com os tipos de lixo que são coletados em cada região da cidade. Tem lugar em que vidro precisa ser colocado em containers separados. Tem lugar em que resíduos de jardim (folhas, galhos, etc) são coletados separadamente. Tem lugar que não recicla alumínio. As instruções ensinam até a triturar papel corretamente, com aquelas maquininhas portáteis tão comuns por aqui, “para não danificar a fibra e comprometer o reaproveitamento do material”.
Não pode amassar nem picar papel. Não pode colocar sacola de plástico no lixo reciclável. Não pode colocar tampa de garrafa. Não pode colocar certos tipos de papelão. E por aí vai.
Jogar lixo fora pode exigir todo um conhecimento especializado. E não é necessariamente porque todo mundo em Seattle é super engajado. É porque coleta errada dá multa. Simples assim.
E se você, com todas as boas intenções, acabar escolhendo o cesto errado para depositar seu lixo num ambiente público, é capaz de ouvir uma crítica no melhor estilo passivo-agressivo de um típico morador de Seattle: “Acho que você não viu que a lixeira compostável fica ao lado”. A patrulha local pode ser implacável, ainda que sob o manto “legal” do jeito Seattle de ser.

Coleta de lixo em Seattle - Foto: Ted S. Warren / AP 

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde escreve para o Blog do Noblat.

Nenhum comentário:

Postar um comentário