sábado, 13 de setembro de 2014

POEMA DA NOITE Quem somos nós agora, por Sérgio Cohn


o que nosso tempo dita
no vício de estar vivo
entre pares
no rastro no rastilho
desta festa de imprevistos
corpo novo
amalgamado ao meu
onde todo ruído branco
se perde em significados
& as frutas
luzem no espanto
do quarto escuro
cintilam as gotas
contra a persiana cerrada
o ar melado de fumo
o húmus o introspecto
sorriso que nada atinge
na mão o copo evaporado
sem prumo
no chão Hakin Bey & Back
“je suis um revolutionaire”
um ou outro universo
esquecido
as vozes ardem
contra a mente
esta noite
e lá fora a chuva
é o silêncio
de todas as coisas:
vozes, sons perdidos
o copo evaporado
de eras
o fértil, o terrível
Iporã, espaço aberto
onde tudo é possível
“ou a total liberdade
no reino da impossibilidade”
ecoa a amiga
antes de desaparecer

Sérgio Cohn (São Paulo, 16 de abril de 1974) - Além de poeta é editor da Azougue Editorial. Publicou: Lábio dos Afogados (São Paulo: Nankin Editorial, 1999); Horizonte de Eventos (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2002); O Sonhador Insone (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2006). Como editor, organizou livros de Celso Luiz Paulini, Jorge Mautner, Vinicius de Moraes, entre outros. Além de ter realizado livros como 'Nuvem Cigana - Poesia e Delírio no Rio na Década de 1970' e Poesia.Br - Poesia Brasileira das Origens ao Século XXI.

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