sábado, 13 de setembro de 2014

EDUCAÇÃO FALIDA


Rapphael Curvo

Raphael Curvo
Raphael Curvo

Antigamente para uma pessoa ser destaque em um grupo social, muito da sua inteligência e sabedoria era considerada, além, é lógico, da sua formação profissional que dava um fecho de status social. A sociedade tinha nesses grupos profissionais verdadeira admiração e respeito. Geralmente eram eles os dirigentes de instituições, organizações políticas e sociais e por aí vai. Para ser presidente da República era exigência fundamental, afinal, o País tinha na capacidade intelectual e profissional do seu chefe maior, o seu futuro, o seu desenvolvimento. Entrava nessas avaliações dos profissionais de destaque, a origem de sua formação, sua escola e, pasmem, a credibilidade de seus professores. Todos esses dados eram importantes para a avaliação do grupo social e da sociedade em geral.

Belo passado. E hoje, o que temos? Quais nossos valores de referência para o “fecho do status social”? Sinceramente, quero continuar no tema, mas está difícil. A razão é que, atualmente, não temos mais valores de referência, nem educacional, nem social e muito menos político. Salvo alguns “perdidos” nesse mar de incompetências e incapacidades, estamos órfãos. Sei que muitos de nós, da geração anterior aos anos 80, tínhamos sempre vários líderes políticos e sociais que davam um norte aos nossos sonhos de um dia chegar lá, no topo profissional. E mais, havia uma equipe de professores sempre admirada e temida, além de muito respeito por ela. Lembro-me de um deles, entre tantos, que não foi meu professor, mas era referência de todos por décadas, o mestre Cesário Neto. Sábio, capaz e conhecedor daquilo que ensinava, um mito na educação. Você conhece hoje algum mito na educação de sua cidade? Do seu Estado?

Acredito que a pergunta acima não terá resposta nos dias atuais, mas é provável que o nosso jovem saiba de todos os que foram agredidos e ameaçados em sala de aula, inclusive o nome do professor que mais apanhou. O problema são os alunos ou são eles consequência da falta de referência? Será a falta de exemplos sociais e políticos ou dos novos valores? Por que chegou ao vale tudo para ser qualificado no seu meio social? Dirão muitos a essas questões: os valores estão no que aparentam e a aparência exige exposição. Não creio. Nos anos 60/70 sempre valeram a exposição pelas vestimentas de marcas, carros e outros movimentos em busca de liberdade de agir etc. Nunca houve agressões em salas de aula muito menos com professores e se ocorressem eram sumariamente expulsos os alunos infratores. A qualificação e o respeito profissional existiam.

Acontece que houve uma transição nada benéfica para o Brasil e sua juventude, muito menos para a Educação, dos anos 70 para os anos finais da década de 90. O jovem brasileiro começou a perder identidade, não havia mais lutas políticas e o País perdeu força para questionar a si próprio. Aconteceu uma mistura de todos os matizes possíveis que tinha como base a democracia, não no sentido ideológico, mas de interesses pessoais. A geração que começou a ser forjada intelectualmente naquele período, como em busca de uma identidade, deu um forte arranque na direção das drogas pela queda do fator educacional ante a desqualificação de profissões que tinha inicio nas décadas de 80/90 e com ela, a de educadores que começava a sucumbir.

Os valores sociais pela sabedoria e inteligência naufragaram ante a sociedade de consumo que  emergiu. O médico, como exemplo, já não tinha a mesma força social ante uma boa conta bancária. Os postos da administração pública se tornaram um balcão de negociatas e de domínio por políticos. A competência, capacidade e preparo deu lugar aqueles bons “negociadores”. Repartições públicas, principalmente na esfera federal, se transformaram em verdadeiros feudos políticos, como exemplo a área de energia de domínio da família Sarney. Essa situação tem tanta força que até o PT, o partido que trazia a mensagem da moralidade, aderiu a ela de corpo e alma.

Os resultados de levantamentos de dados pelo instituto federal, de avaliação educacional, ainda não o levou a perceber que o processo educacional brasileiro está à deriva. Não há uma identidade entre as necessidades de vida e da forma de viver dos jovens com as instituições de ensino. Não há aproximação entre as carências do mercado de trabalho e a preparação pelo ensino. Inexiste sintonia entre a forma de preparar os educadores com as reais exigências. Incompreensível a inadequação da grade curricular. A educação precisa de nova forma de existir. A Educação está falida.

Rapphael Curvo

Jornalista e Adv. Rapphael Curvo

raphaelcurvo@hotmail.com

Adv. Ellen Maia Dezan Curvo

OAB/SP 275669

ellendezan@hotmail.com

www.xprospector.com.br

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