O GLOBO - 08/01
A desaceleração da indústria automobilística este ano precisará mesmo de um freio ABS. Ela vai sair de um ritmo de crescimento de 9,9% para o ponto morto de 0,7% de previsão de crescimento. A explicação dada pelo setor surpreendeu: a redução se deve à Copa e ao Inovar-Auto. A Copa, pelos feriados, e o regime feito para proteger o setor, pelo aumento temporário das importações.
Donde se conclui que nada é suficientemente bom para o setor automotivo. O governo fez tudo para agradar: aumentou barreiras às importações, enfrentou problemas na OMC por causa dessas barreiras, reduziu o IPI em sucessivas reedições. Agora eles dizem que não vão crescer e que o número maior de montadoras no país deve elevar o nível de estoques.
O Inovar-Auto é exatamente esse aumento de tributos na importação de carros de quem não está instalado no Brasil. Trazer carro de fora é muito mais barato para as montadoras aqui instaladas, por isso a participação dos veículos importados no mercado caiu de 27% em dezembro de 2012 para 18,8% no fim do ano passado, depois que o programa entrou em vigor.
Só que o programa prevê que as montadoras que estiverem em processo de instalação terão uma cota maior de importação enquanto não estiverem produzindo.
— O calendário de importações este ano será mais forte, mas isso é temporário e não se repetirá em 2015. Será um ano também com muitos feriados por causa da Copa do Mundo, o que vai afetar as vendas e a produção — disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan.
Nos dados de 2013 há boas e más notícias. A produção cresceu quase 10%, mas os licenciamentos caíram 1,1%. Máquinas agrícolas tiveram um aumento de 20%. O setor conseguiu exportar mais 26,7%. Se olharmos um horizonte mais longo, o mercado brasileiro saiu de 1,685 milhão de carros em 2003 para 3,740 milhões. Para esse resultado, o governo abriu mão de bilhões de impostos, subsidiou o combustível e entupiu as avenidas e rodovias do Brasil. Eles tiveram novo regime tributário, fechamento do mercado e subsídios.
O presidente do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Carlos Mello, acha que uma desaceleração do ritmo de crescimento é natural, mas está mais otimista do que a Anfavea. Em vez da previsão de crescimento de 0,9% feito pelo órgão oficial do setor, Mello acredita em 3%. E isso porque o desemprego continua baixo, a renda cresce e a oferta de crédito permanece. A Anfavea acha que o setor de máquinas agrícolas em 2014 não vai crescer quase nada.
Economistas que acompanham o setor acham que a indústria automobilística, com as novas empresas que entraram, aumentou sua capacidade de produção e ficará, em parte, ociosa. Ótimo momento para que haja uma boa competição de preços no setor e caiam as margens de lucro. Os executivos, no entanto, não falam dessa possibilidade. Explicam a enorme diferença de preços com os carros em outros países pela carga tributária.
De qualquer maneira, o que os últimos anos mostraram é que para garantir o crescimento do PIB não basta estimular o setor automobilístico com barreiras à entrada de produtos importados e reduções setoriais de tributos. Tudo o que se consegue é antecipar decisões de compra. O aumento das vendas acaba quando o imposto volta a subir.
O pior na política de estimular por crédito, subsídio e renúncia fiscal a compra de carro é que o país colheu como resultado o agravamento da crise da mobilidade urbana. Isso só faria sentido se houvesse também um investimento em infraestrutura e transporte coletivo.
O setor entra em 2014 com o pé no freio. Pelo menos se sabe que é freio ABS, porque a proposta de adiar a instalação desse item de segurança para ajudar o setor foi arquivada depois das críticas à ideia, que chegou a ser defendida pelo ministro da Fazenda.
A desaceleração da indústria automobilística este ano precisará mesmo de um freio ABS. Ela vai sair de um ritmo de crescimento de 9,9% para o ponto morto de 0,7% de previsão de crescimento. A explicação dada pelo setor surpreendeu: a redução se deve à Copa e ao Inovar-Auto. A Copa, pelos feriados, e o regime feito para proteger o setor, pelo aumento temporário das importações.
Donde se conclui que nada é suficientemente bom para o setor automotivo. O governo fez tudo para agradar: aumentou barreiras às importações, enfrentou problemas na OMC por causa dessas barreiras, reduziu o IPI em sucessivas reedições. Agora eles dizem que não vão crescer e que o número maior de montadoras no país deve elevar o nível de estoques.
O Inovar-Auto é exatamente esse aumento de tributos na importação de carros de quem não está instalado no Brasil. Trazer carro de fora é muito mais barato para as montadoras aqui instaladas, por isso a participação dos veículos importados no mercado caiu de 27% em dezembro de 2012 para 18,8% no fim do ano passado, depois que o programa entrou em vigor.
Só que o programa prevê que as montadoras que estiverem em processo de instalação terão uma cota maior de importação enquanto não estiverem produzindo.
— O calendário de importações este ano será mais forte, mas isso é temporário e não se repetirá em 2015. Será um ano também com muitos feriados por causa da Copa do Mundo, o que vai afetar as vendas e a produção — disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan.
Nos dados de 2013 há boas e más notícias. A produção cresceu quase 10%, mas os licenciamentos caíram 1,1%. Máquinas agrícolas tiveram um aumento de 20%. O setor conseguiu exportar mais 26,7%. Se olharmos um horizonte mais longo, o mercado brasileiro saiu de 1,685 milhão de carros em 2003 para 3,740 milhões. Para esse resultado, o governo abriu mão de bilhões de impostos, subsidiou o combustível e entupiu as avenidas e rodovias do Brasil. Eles tiveram novo regime tributário, fechamento do mercado e subsídios.
O presidente do Centro de Estudos Automotivos, Luiz Carlos Mello, acha que uma desaceleração do ritmo de crescimento é natural, mas está mais otimista do que a Anfavea. Em vez da previsão de crescimento de 0,9% feito pelo órgão oficial do setor, Mello acredita em 3%. E isso porque o desemprego continua baixo, a renda cresce e a oferta de crédito permanece. A Anfavea acha que o setor de máquinas agrícolas em 2014 não vai crescer quase nada.
Economistas que acompanham o setor acham que a indústria automobilística, com as novas empresas que entraram, aumentou sua capacidade de produção e ficará, em parte, ociosa. Ótimo momento para que haja uma boa competição de preços no setor e caiam as margens de lucro. Os executivos, no entanto, não falam dessa possibilidade. Explicam a enorme diferença de preços com os carros em outros países pela carga tributária.
De qualquer maneira, o que os últimos anos mostraram é que para garantir o crescimento do PIB não basta estimular o setor automobilístico com barreiras à entrada de produtos importados e reduções setoriais de tributos. Tudo o que se consegue é antecipar decisões de compra. O aumento das vendas acaba quando o imposto volta a subir.
O pior na política de estimular por crédito, subsídio e renúncia fiscal a compra de carro é que o país colheu como resultado o agravamento da crise da mobilidade urbana. Isso só faria sentido se houvesse também um investimento em infraestrutura e transporte coletivo.
O setor entra em 2014 com o pé no freio. Pelo menos se sabe que é freio ABS, porque a proposta de adiar a instalação desse item de segurança para ajudar o setor foi arquivada depois das críticas à ideia, que chegou a ser defendida pelo ministro da Fazenda.
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