ZERO HORA - 08/01
Basta alguém mencionar a expressão “on the road” para nos seduzir. Cair na estrada? Nem é preciso chamar duas vezes, convite aceito. Lá vamos nós de mochila, boné e óculos escuros, em boa companhia, escutando música vibrante e com um enorme mapa nas mãos – sim, de papel, nada de GPS e aplicativos, onde fica o romantismo das velhas aventuras?
Sempre fui fascinada por estradas. As que atravessam cordilheiras, as que cruzam desertos, as que se avizinham de plantações, as que costeiam o mar, as que passam em meio a pequenos vilarejos, as de terra, as asfaltadas, as estreitas, as desafiadoras, as que parecem que vão dar em lugar nenhum – mas sempre dão.
Estrada é movimento, liberdade, beleza, poesia. Sem falar no erotismo que ela insinua – não sei se por causa das curvas ou do quê.
Estamos na temporada mais festejada do ano: sol, praia, férias, e elas, as estradas. Mas corta! Onde estão o cenário, as cenas de filme, o charme? Estamos falando de BR-101, BR-116, RS-040 e demais vias lotadas de veranistas afoitos e caminhoneiros cansados, de carros velozes e de outros que já deveriam ter sido aposentados, de gente que corre demais e que, na dúvida, aí mesmo é que ultrapassa. Dã.
Lembro de escutar uma história sobre um cara que, ao ver um carro se aproximando na pista contrária bem no momento em que ele estava ultrapassando, em vez de recuar, acelerava ainda mais, enquanto berrava para quem vinha: “Vai se ferrar, vai se ferrar!!” (o verbo não era exatamente ferrar).
Muito engraçado. Mas eu não gostaria de pegar uma carona nessa piada.
Não importa quem é o imprudente, se o motorista de lá ou de cá, se quem vem ou quem vai, se quem é defensivo ou agressivo: basta um deslize e todos se ferram. Todos. Um pneu que estoura de repente, um irresponsável que bebeu antes de dirigir, um alucinado que pisa fundo para homenagear o Schumacher, um impulsivo que toma decisões sem pensar, um ansioso que não tolera perder 10 minutos e segue pelo acostamento, um que acredita que os outros motoristas têm bola de cristal e por isso não vê necessidade de acionar o pisca-pisca, outro que mal distingue se o carro que está 50 metros à frente está indo ou vindo.
Estrada é movimento, liberdade, beleza e poesia – mas quando vazia, quando estamos em locais onde a sinalização é espetacular e o asfalto parece um tapete, quando não há pressa em chegar, quando não há fluxo intenso, quando não prevalece a cultura da superpotência em quatro rodas, quando estamos a passeio, e não armados para uma guerra. Não na temporada de férias num país onde a imprudência ganha as manchetes dos jornais toda segunda-feira de manhã, depois das ultrapassagens arriscadas do final de semana.
Pegar a estrada é eletrizante, com certeza. Mas, motoristas, duvidem mais.
Basta alguém mencionar a expressão “on the road” para nos seduzir. Cair na estrada? Nem é preciso chamar duas vezes, convite aceito. Lá vamos nós de mochila, boné e óculos escuros, em boa companhia, escutando música vibrante e com um enorme mapa nas mãos – sim, de papel, nada de GPS e aplicativos, onde fica o romantismo das velhas aventuras?
Sempre fui fascinada por estradas. As que atravessam cordilheiras, as que cruzam desertos, as que se avizinham de plantações, as que costeiam o mar, as que passam em meio a pequenos vilarejos, as de terra, as asfaltadas, as estreitas, as desafiadoras, as que parecem que vão dar em lugar nenhum – mas sempre dão.
Estrada é movimento, liberdade, beleza, poesia. Sem falar no erotismo que ela insinua – não sei se por causa das curvas ou do quê.
Estamos na temporada mais festejada do ano: sol, praia, férias, e elas, as estradas. Mas corta! Onde estão o cenário, as cenas de filme, o charme? Estamos falando de BR-101, BR-116, RS-040 e demais vias lotadas de veranistas afoitos e caminhoneiros cansados, de carros velozes e de outros que já deveriam ter sido aposentados, de gente que corre demais e que, na dúvida, aí mesmo é que ultrapassa. Dã.
Lembro de escutar uma história sobre um cara que, ao ver um carro se aproximando na pista contrária bem no momento em que ele estava ultrapassando, em vez de recuar, acelerava ainda mais, enquanto berrava para quem vinha: “Vai se ferrar, vai se ferrar!!” (o verbo não era exatamente ferrar).
Muito engraçado. Mas eu não gostaria de pegar uma carona nessa piada.
Não importa quem é o imprudente, se o motorista de lá ou de cá, se quem vem ou quem vai, se quem é defensivo ou agressivo: basta um deslize e todos se ferram. Todos. Um pneu que estoura de repente, um irresponsável que bebeu antes de dirigir, um alucinado que pisa fundo para homenagear o Schumacher, um impulsivo que toma decisões sem pensar, um ansioso que não tolera perder 10 minutos e segue pelo acostamento, um que acredita que os outros motoristas têm bola de cristal e por isso não vê necessidade de acionar o pisca-pisca, outro que mal distingue se o carro que está 50 metros à frente está indo ou vindo.
Estrada é movimento, liberdade, beleza e poesia – mas quando vazia, quando estamos em locais onde a sinalização é espetacular e o asfalto parece um tapete, quando não há pressa em chegar, quando não há fluxo intenso, quando não prevalece a cultura da superpotência em quatro rodas, quando estamos a passeio, e não armados para uma guerra. Não na temporada de férias num país onde a imprudência ganha as manchetes dos jornais toda segunda-feira de manhã, depois das ultrapassagens arriscadas do final de semana.
Pegar a estrada é eletrizante, com certeza. Mas, motoristas, duvidem mais.
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