terça-feira, 22 de julho de 2014

OBRA-PRIMA DO DIA (PINTURA) Os Evangelistas segundo Gabriel Mälesskircher

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
22.7.2014
| 12h00m

Gabriel Mälesskircher: nada se sabe sobre o local de nascimento ou detalhes onde estudou e aprendeu a pintar esse fantástico pintor. Seu estilo e seus temas, no entanto, demonstram que ele talvez tenha passado parte de sua juventude na Holanda.
A primeira citação a seu nome, em meados do século XV, menciona que ele viveu e trabalhou em Munique, onde era membro ativo da guilda de São Lucas. Teve vida ativa, não só como pintor, mas como cidadão com vida política proeminente: em 1482 participou da administração de Munique e em 1485 foi escolhido vice-burgomestre da cidade.
Seu estúdio produziu um grande número de obras, todas demonstrando influência da escola de Munique, com um senso de narrativa muito forte e um alto grau de realismo, evidente em seu interesse na descrição de objetos do dia a dia.
Seu traço era forte mas nunca abandonava a extrema sutileza e delicadeza em suas composições.
Entre seus trabalhos mais importantes estão os treze retábulos encomendados para o monastério beneditino de Tegernsee, que no século XIX foi reformado e vendeu parte de seu acervo. As obras de Mälesskircher, bem documentadas e datadas, estão divididas entre várias coleções, sendo que as que apresentamos aqui hoje estão no Museo Thyssen-Bornemisza, em Madrid.
Mälesskircher faleceu em 1495, quando a sífilis assolou a Europa.

Os Evangelistas: 

São oito os painéis pintados para o mosteiro. Quatro apresentam os Evangelistas trabalhando em seus estúdios, ocupados com a redação dos Evangelhos. É de se notar que o pintor os apresenta como os copistas que via trabalhar nos mosteiros. Além dos símbolos conhecidos (o touro de São Lucas, o anjo de São Mateus, a águia de São João e o leão de São Marcos), o artista copiou versículos de seus Evangelhos nas páginas nas quais eles estão trabalhando.
Também chama a atenção a diferença entre cada um dos 'scriptoriuns', o que revela o modo de ser de quem ali trabalhava, segundo relatos deixados pelos contemporâneos dos Evangelistas.
Os outros quatros painéis retratam cenas da vida dos Evangelistas.
                                            São Lucas:
                                   O Evangelista trabalhando em seu 'scriptorium'
                                   São Lucas pinta o retrato da Virgem

                                                      São João:
                                  O Evangelista em sua mesa de trabalho
Os amigos, tristes e angustiados, cumprem a vontade de São João, já com mais de 100 anos, e o colocam na tumba que ele mandou cavar, em Éfeso. Na hora de sua morte, seu túmulo, assim reza a história, ficou coberto por uma forte luz que se dividiu em pequenos focos de luz, o que Mälesskircher interpretou como hóstias. 

                                                         São Mateus
                                   Em seu ‘scriptorium’
Ao fazer o Sinal da Cruz sobre dois dragões que apavoravam a cidade, Mateus os fez ficar mansos como cordeiros.

                                                          São Marcos
      São Marcos em seu ofício: reparem nos detalhes, típicos da escola flamenga
                  E quando foi martirizado e arrastado pelas ruas de Alexandria


Os oito paineis, em óleo sobre madeira, de 1478, hoje fazem parte do acervo do Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid.

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