terça-feira, 29 de julho de 2014

OBRA-PRIMA DO DIA (ESCULTURA) Auguste Rodin e Os Burgueses de Calais

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
24.7.2014
| 12h00m

O Monumento
Os Burgueses de Calais é obra de Augusto Rodin encomendada pela cidade de Calais, que recebeu o primeiro exemplar em 1895. O molde original, em gesso, terminado em 1889, foi editado mais onze vezes durante o século XX. A última edição, para a Fundação Samsung para as Artes de Seul, foi inaugurada em 1995, exatamente 100 anos após a inauguração da edição original diante da Prefeitura de Calais. É uma das obras mais importantes de Auguste Rodin.


O autor
Auguste Rodin nasceu em Paris, no dia 12 de novembro de 1840 e em 1915 ofereceu-se para doar toda sua obra para a França, em três etapas, 1 de abril, 13 de setembro e 25 de outubro, desde que o Hotel Biron, onde tinha seu atelier, fosse convertido no Museu Rodin em sua homenagem. Sua oferta foi aceita e ali, na Rue de Varenne, Paris tem o rico Museu Rodin, segundo reza essa declaração do próprio punho do escultor:
“Dou ao Estado todos os meus trabalhos em gesso, bronze e pedra, e todos os meus desenhos, assim como a coleção de antiguidades que tive tanto prazer em reunir para a educação e conhecimento de artistas e trabalhadores. E peço ao Estado que mantenha essa coleção no Hotel Biron, que será o Museu Rodin, reservando-me o direito de ali residir até morrer”.
Rodin, cuja longa vida é bastante conhecida, deixou obras de vulto como O Pensador,A CatedralO Beijo, o Busto de Balzac, e tantas e tantas obras-primas. Ele faleceu em 17 de novembro de 1917, aos 77 anos.

Os Burgueses de Calais
A Guerra dos Cem Anos, episódio marcante da História da França, teve como motivação a pretensão do rei inglês Eduardo III ao trono francês. Não foram cem anos ininterruptos, houve muitas tréguas nesse conflito entre os Capetos (França) e os Plantagenetas (Inglaterra) cuja origem foi a propriedade de determinados territórios ingleses em solo francês. A partir daí, os dois reinos passaram a disputar não somente os territórios como a legitimidade do trono.
Em setembro de 1346, Eduardo III cerca a cidade de Calais onde a guarnição francesa comandada pelo cavaleiro Jean de Vienne resiste heroicamente. Depois de um cerco de onze meses, a cidade, esfomeada, negocia sua rendição.


O rei inglês, cansado e irritado com a longa resistência dos habitantes de Calais, aceita que seis burgueses lhe sejam entregues para serem executados: é o preço que ele vai cobrar para poupar a vida dos demais moradores da cidade.


Mas sua mulher, Philippa de Hainaut, ao ver esses seis infelizes, sofrendo, cobertos por trapos, uma corda no pescoço, nas mãos as chaves da cidade e do castelo, consegue convencer o rei a poupar suas vidas. Por esse gesto de amor cristão, Eduardo poupa a vida de Eustache de Saint-Pierre (acima) e seus cinco companheiros.Abaixo, detalhe de uma mulher que fazia parte do grupo.


Isso aconteceu no dia 3 de agosto de 1347, quando Calais passou a ser inglesa, o que perdurou até 1558 quando Henrique II de França toma a cidade de Mary Tudor, filha mais velha e herdeira de Henrique VIII.


Foi esse relato que inspirou Rodin a compor sua obra quando a municipalidade de Calais a encomendou. O monumento (acima, detalhe) é, sem dúvida alguma, uma das obras mais importantes desse gênio da escultura. Foi inaugurado na Praça do Soldado Desconhecido, diante da prefeitura de Calais, em 1895.

No site Les Bourgeois de Calais está a lista completa das outras onze edições 

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