A semana anterior à abertura da Copa não é de teste final apenas para a seleção brasileira, que faz nesta sexta-feira seu último amistoso justamente em São Paulo - caldeirão fervente de greves em serviços essenciais e protestos contra o Mundial. Servirá também para as cidades-sedes e seus moradores acompanharem o termômetro do caos.
O movimento dos sem-teto, que na quarta-feira ocupou, depois de passeata com milhares de pessoas as imediações do Itaquerão, por onde também passaram antes policiais militares em campanha salarial, ameaça agora se concentrar no Morumbi, onde jogará a seleção. Haja coração.
Os jogadores não são políticos – já reclamou Neymar. É verdade: eles não são o alvo e deverão contar, dentro dos estádios, com apoio da torcida. Mas nesta ocasião estratégica em que aproveitam os holofotes da Copa para expor suas reivindicações, movimentos sociais e sindicais partem sim para a tática do tudo junto e misturado.
Foi mais ou menos assim na Copa das Confederações, ainda que os grupos à frente das manifestações não sejam os mesmos. No centro da confusão, contra quaisquer explicações do governo federal, reina soberana, entra ano, sai ano, a inconformidade, inclusive da maioria silenciosa que não enfeitou o carro, a casa e muito menos a rua, com os gastos da Copa.
Insatisfação já medida por várias pesquisas e agravada pela entrega atrasada e incompleta de aeroportos, obras viárias e estádios. Isso sem falar nas suspeitas de superfaturamento. Essa decepção só reforça argumento anterior que nega a legitimidade ao evento e reclama o dinheiro da Copa para demandas de saúde, educação e defesa social.
Leia a íntegra em Acerto de contas
Mara Bergamaschi é jornalista e escritora. Foi repórter de política do Estadão e da Folha em Brasília. Hoje trabalha no Rio, onde publicou pela 7Letras “Acabamento” (contos,2009) e “O Primeiro Dia da Segunda Morte” (romance,2012). É co-autora de “Brasília aos 50 anos, que cidade é essa?” (ensaios,Tema Editorial,2010).
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