quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

OBRA-PRIMA DO DIA - ENGENHARIA As Termas Romanas em Arles, França (século IV)




As termas não são criação Romana: eles se inspiraram nos gregos. Na Grécia, 2000 anos antes de Jesus Cristo, as termas já eram populares, sempre associadas ao atletismo. Os banhos gregos eram sobretudo úteis e funcionais: pequenas piscinas, banheiras, banhos para os pés e até uma espécie de chuveiro. E não só na Grécia, no Paquistão há vestígios do Grande Banho em Mohenjo-Daro que data de 2500 a.C.
Mas os Romanos ampliaram a noção e fizeram de suas termas maravilhas arquitetônicas.

Maquete das Termas de Constantino, em Arles

O que levou os Romanos a se apaixonarem pelas termas a esse ponto? Em primeiro plano, o clima. A Itália pode ser muito quente e ter um lugar para se refrescar e retirar do corpo a gordura e a poeira da cidade só podia ser agradável.
E como no inverno pode ser gelada... os Romanos, que conheciam o prazer de mergulhar em fontes sulfurosas nas áreas vulcânicas por onde passaram em suas intermináveis viagens, pensaram num jeito de resolver o problema. Em Roma não havia fontes de águas quentes. Então foi a vez de fazer valer a capacidade desse povo altamente criativo: surgiram os hipocaustos. A partir desse sistema, tudo andou muito depressa.

O hipocausto de Arles

Na Roma imperial elas se multiplicaram com uma rapidez impressionante. No século II d.C já eram milhares espalhadas pelo Império.
Em torno de 33 a.C havia mais ou menos 170 banhos públicos e privados só na cidade de Roma. Conforme o Império crescia, crescia o tamanho das termas. No final do primeiro século de nossa era o banho diário tornara-se uma ocasião social. No final do século IV havia, em Roma, 11 banhos públicos e 926 privados.
Algumas eram imensas. As Termas de Diocleciano, em Roma, construídas em 305 d.C. podia acomodar mais de 3000 usuários! Além do tamanho, havia a sofisticação típica dos Romanos: os banhos, além das temperaturas variadas, em algumas termas podiam ser com água fresca ou salgada. O banhista podia contar com massagistas, barbeiros, lojas e restaurantes. E com as novidades do dia. Nas termas as notícias corriam tanto quanto as águas...
Talvez por isso tivessem ao lado de salões ambientes menores onde assuntos privados podiam ser discutidos e negócios acertados.
As termas não eram privilégio dos ricos. Havia de vários tipos, mas mesmo as mais simples cobravam pelo uso das facilidades. Os banhos públicos cobravam 1 quadranpor hora dentro da piscina, ou se exercitando, praticando algum esporte, encontrando os amigos para papear ou acertar algum assunto.

O exterior do caldarium de Arles, que fez todos pensarem que era o salão de um palácio.

No início do século IV, às margens do Ródano, o Imperador Constantino mandou que construíssem em Arles, na maravilhosa Provence, as termas que fariam parte de um conjunto monumental na parte norte da cidade. 

Ali ficariam o fórum, a arena, as vilas, sendo que uma delas ele mandou transformar em um palácio imperial, que passou a ser uma de suas residências. 

O interior do caldarium

No século XVI eruditos arlesianos estudando as pedras e os vestígios que encontravam às margens do rio pensaram se tratar do palácio do imperador e denominaram as ruínas de Palácio da 'Trouille', do latim trulus, que significava edifício circular com abóbada (as duas fotos acima).
Foi somente no século XIX que escavações acabaram por comprovar que aquelas eram as ruínas das termas de Arles que, junto com as Termas de Clichy em Paris, são as mais bem conservadas das termas que os romanos espalharam pela Gália, das que sobreviveram até nossos dias.

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