quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O custo da inflação reprimida (Editorial)

O Globo
No balanço de ganhos e perdas, comum nesta época do ano, tem destaque, no capítulo das “perdas”, a ginástica que o governo faz para tentar controlar uma inflação renitente, varrendo para debaixo do tapete dos subsídios pressões altistas de tarifas e preços administrados.
Esconde-se o lixo durante algum tempo, mas ele continua lá e, mais cedo ou tarde, terá de ser removido. Um dos exemplos mais aberrantes é o caro e crescente subsídio arcado pelo Tesouro para evitar elevações nas tarifas de energia elétrica — também um símbolo da desconfiança que o governo tem do mercado.


Estima-se que, até outubro, esta conta já somava mais de R$ 8 bilhões. Há, aqui, cuidados devido à inflação, persistente na fronteira perigosa dos 6%, mas também razões político-eleitorais, a fim de que não seja desmentida a promessa da presidente Dilma de cortar a conta de luz em 10%.
O corte, muito bem-vindo porque reduz o Custo Brasil e alivia o bolso da população, foi decretado, porém, de forma vertical, por meio de um modelo draconiano de renovação de concessões. Empresas fora do alcance do governo federal puderam rejeitá-lo. Não foi, por óbvio, o caso da Eletrobrás e outras.
E como os números não batem — até porque o momento hidrológico ruim força que as termelétricas, de operação mais cara, fiquem ligadas o ano inteiro —, o peso do prejuízo das empresas cai sobre o Tesouro. Ou seja, há mais lançamento de títulos, e a dívida pública continua em alta, sob a vigilância das agências internacionais de avaliação de risco.

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