sábado, 20 de julho de 2013

Átila, o Huno contra a bancada religiosa


Posted: 19 Jul 2013 03:30 AM PDT
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Acho que todas as pessoas têm um Átila, o Huno recalcado no subconsciente. É aquela parte da mente que não tem saco para os babacas e, em vez de conversa, prefere quebrar a louça toda. Ou, para usar uma linguagem freudiana, o Átila subconsciente representa o ódio primordial que desperta nos homens a propensão para a destruição e a crueldade.

Eu confesso. Tenho tido uma trabalheira danada para controlar o meu Átila subconsciente nos últimos tempos, em especial por causa de certos religiosos que não param de se meter na vida dos outros. E nesta semana o coitado foi à loucura ao ler uma notícia que só pode coisa de gente que fuma cocô.

O pessoal da tal bancada religiosa - e o infausto Marco Feliciano, claro - anda por aí a pressionar a presidente Dilma Rousseff para ela vetar o projeto que legisla sobre o atendimento de emergência, nos hospitais, a mulheres vítimas de violação. O que pretendem os religiosos? Atrapalhar, claro.

O objetivo é impedir que o projeto ganhe forma de lei porque lá no texto tem a expressão “profilaxia da gravidez”. E eles acham que isso poderia abrir uma brecha legal para permitir a interrupção voluntária da gravidez (expressão politicamente correta para aborto). De tão focados no aborto, os caras sequer cogitam olhar para as mulheres.

O projeto prevê que as mulheres vítimas de estupro tenham direito a atendimento emergencial e preferencial. Porque há um protocolo específico a seguir: o procedimento deve ser feito em 72 horas, período para tomar o coquetel de remédios contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, além da pílula do dia seguinte.


O projeto é bom, os religiosos são medievais. Traduzida, a pretensão dos caras tem outra leitura: danem-se as vítimas de estupro, porque o importante é impedir qualquer coisa que cheire a aborto. Fico aqui a pensar: nem dá para ter uma discussão com argumentos racionais, porque é tudo muito irracional.

E o meu Átila subconsciente fica a imaginar um tratamento profilático para esses caras: uma surra de chicote, daquelas de criar bicho. Mas isso é o Átila a falar, não eu.

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