RENATO RIELLA
Quem escreveu o discurso da presidente Dilma sobre a crise é fraquíssimo. O pior é que deve ser uma equipe caríssima, que só pode se defender dizendo que ela é uma cliente rebelde.
Já fiz muitos discursos de crise. Há um macete infalível. No meio do pronunciamento, você destaca uma situação forte, concreta, impactante, que seja o destaque. Em jornalismo, chamamos de lead.
Pode ser qualquer coisa, mas tem de ser algo que pule pra fora do texto, engolindo o resto. Será o título de amanhã nos jornais (isso na época em que os jornais ainda tinham muita importância).
Perguntei a muita gente, de características diferentes, o que ficou do discurso. Todos falaram da proposta de importação de médicos, já comentando que a vinda de cubanos é discutível, ou perigosa, ou condenável ou bárbara. Ninguém a favor. Ninguém avaliza essa medida.
O destaque da Dilma (ou dos seus marquetosos) tem o agravante de atrair para as manifestações uma categoria corporativa, sisuda, que possui absurda capacidade de multiplicar insatisfações.
Hoje, de cabeça fria, alguém no Brasil duvida que haverá uma passeata de médicos contra Dilma, de jaleco branco e estetoscópio pendurado no pescoço?
Nos folclóricos “livros das guerras” há uma sabedoria universal: nunca abra novos flancos antes de dominar os antigos.
Os marquetosos do Planalto deixaram que a presidente saísse da trincheira para atacar quem estava quieto, curando as feridas de manifestantes e policiais em péssimas unidades de saúde.
O discurso da presidente tem outros graves defeitos. Ela precisa liberar uma nota apagando tudo o que disse e começando tudo de novo. Urgente!
Nenhum comentário:
Postar um comentário