sábado, 22 de junho de 2013

Vinte centavos, a internet e a revolução em um país chamado Brasil





Tudo isso começou em dezembro de 2010 com a chamada Primavera Árabe, onde a população da Tunísia iniciou uma onda de protestos revolucionários no país e de forma muito rápida se espalhou em diversos cantos do mundo. Já no Brasil, é importante destacar o movimento das Diretas Já e Os caras pintadas em 1992, onde os jovens pintaram seus rostos e foram às ruas buscando mudança, sendo que o objetivo principal era o impeachment do então Presidente do Brasil, Fernando Collor de Melo.
Hoje, a busca por mudanças é o motivo pelo qual as pessoas de diversas idades voltam a tomar as ruas das principais cidades brasileiras. A internet, os dispositivos móveis e as multiredes ubíquas diferenciam o movimento de mais de 20 anos atrás para o que estamos vivenciando nos dias hoje. Tivemos a dimensão da massificação dos dispositivos móveis no mundo nesse ano de 2013, no anúncio do Papa Francisco, quando uma imagem de milhares de pessoas com seus dispositivos fotografando, gravando em vídeo e áudio e compartilhando informações do novo líder da Igreja Católica em todo mundo.
Vinte centavos, a internet e a revolução em país chamado Brasil
No Brasil, a tecnologia móvel está presente no momento histórico e político muito importante. Ela não está apenas permitindo registrar fotografias, vídeos e informações em tempo real com outras pessoas em toda parte do mundo. Mais importante que isso, as redes sociais funcionam como ferramenta para a troca de informações, marcação de encontros e manifestações e, principalmente, como canal de debates do que é melhor para o país.
O descontentamento dos cidadãos brasileiros com o comportamento dos políticos da nossa nação é grande, todavia é grande também a vontade do povo por mudança. Nas manifestações busca-se reivindicar os direitos de todos. Seja no transporte público, a não aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 37, que tira o poder de investigação do Ministério Público, a luta por uma educação de qualidade, saúde pública mais eficiente, maior segurança, melhores condições de vida, entre outras questões.
Me parece que a maior parte da população acordou e as diversas redes sociais são os canais escolhidos para expor o pensamento dessa população. A liberdade de expressar qualquer questão no universo online nos permite acabar aderindo e participando de diversos debates e expondo ideias sobre diversas temáticas. Nota-se também, falando em Salvador em especial, que há uma pequena visibilidade dos acontecimentos por parte da imprensa nacional e que a população está encontrando diversos meios de se comunicar e trocar informações sobre os manifestos.
As hashtags estão tendo um papel importantíssimo, seja no Twitter, Facebook ou Instagram. As tag permitem encontrar conteúdo específico de uma cidade, além de servir como forma de protestar também. Em Salvador, as hashtags #PasseLivreSalvador #ProtestoSalvador #Protestossa #VempraruaSalvador servem para marcar um post, tweet ou foto de alguém que foi ao manifesto, ou caso queira falar algo sobre a temática.
Já há algum tempo notamos que a população mundial consome muito conteúdo áudiovisual. No Brasil não é diferente. A facilidade de fotografar e gravar algo e automaticamente subir para alguma rede está muito fácil, seja pelo aumento de dispositivos móveis ou pelos diversos planos de internet disponíveis. Em Salvador, onde estão sendo divulgadas poucas informações sobre as manifestações, as redes sociais online estão sendo decisivas na comunicação.
O Twitter, através de hashtag, está possibilitando a população e, principalmente, o público jornalista, saber em tempo real onde e como estão sendo as manifestação. Hoje, dia 21 de junho, o Scup, através do seu monitoramento, atingiu a marca de 2 milhões de menções aos protestos que estão acontecendo no Brasil. O Instagram, a hashtag #PasseLivreSalvador e #VempraruaSalvador são as mais utilizadas quando um novo registro é compartilhado na rede. Alguns, assim como eu, utilizam o monitoramento para observar pela lente dos outros jovens como esses estão enxergando os manifestos e quais suas reivindicações.
No YouTube, o compartilhamento de vídeos curtos com duração média de um a quatro minutos foi o meio encontrado pelos manifestantes de registrar os manifestos e de principalmente mostrar como estão sendo as ações pacíficas realizadas por eles. É importante destacar também que alguns grupos estão utilizando essa mídia para mostrar ao mundo o que os jornais não mostram, a exemplo de minorias que não representam o movimento e que acabam confrontando principalmente a polícia e, posteriormente, depredando prédios e monumentos, além de momentos onde a própria polícia começa as agressões.
O Facebook, como principal mídia hoje em todo Brasil, tem um dos papéis mais importantes. Ele possibilita a marcação dos encontros nos locais definidos por lá, assim como definição da pauta dos protestos. Com as hashtags o Facebook tem um pouco das funções das outras mídias também. Registros de fotos, vídeos e pensamentos públicos que acabam sendo compartilhados pela grande maioria descontente com o momento vivido no Brasil.
Temos que continuar nos comunicando, gritando, reivindicando, só assim podemos obter mudança por parte dos governantes do nosso Brasil. Aquele que não luta pelo futuro que quer, deve aceitar o futuro que vier.
Por Rafael Ferreira, analista de mídias sociais. @AdmRafaFerreira

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