sexta-feira, 21 de junho de 2013

Cartas de Seattle: Obesidade com dinheiro público


Melissa de Andrade
Se o governo está pagando pela sua comida, tem direito de dizer o que você vai comer? É papel do governo determinar se sua escolha alimentar é saudável ou não?
Sob o argumento de prevenir o crescimento da obesidade no país, o prefeito de Seattle e de mais 17 cidades dos Estados Unidos estão querendo limitar ainda mais o uso do vale-alimentação federal daqui, apelidado de food stamp, para impedir a compra de refrigerantes e outras bebidas artificiais com alto teor de açúcar. Esta seria uma tentativa de frear o desenvolvimento de doenças relacionadas a má alimentação entre os participantes do programa.
Os beneficiários incluem pessoas sem renda ou de baixa renda que recebem uma média de US$ 135 por mês como auxílio para suplemento nutricional. Ora, se o programa é baseado em nutrição, claramente refrigerante não é o melhor item na cesta de compras.
O benefício já não pode ser usado para comprar bebida alcoólica, cigarros, comida quente (como em lanchonetes) e outros itens que não são considerados saudáveis.
A proposta dos prefeitos coincide com a decisão da Associação de Medicina dos Estados Unidos, a American Medical Association, de enquadrar a obesidade como uma doença. Isso dá um novo peso à necessidade de tratamento e prevenção. Obesidade é, mais do que nunca, problema de saúde pública.


Os críticos à mudança nos food stamps estão colocando esta iniciativa no mesmo rol da decisão da prefeitura de Nova Iorque de limitar o tamanho do copo de refrigerante vendido na cidade. A diferença é que, então, Michael Bloomberg estava metendo o dedo no direito individual do cidadão de fazer o que quiser com o seu dinheiro, mesmo que impacte negativamente sua saúde.
No caso dos food stamps, trata-se de dinheiro do contribuinte que pode estar sendo usado para potencialmente contribuir para um estilo de vida não saudável.
Cerca de 50 milhões de pessoas são beneficiárias do programa e a obesidade já atinge 100 milhões dos americanos adultos. Ou seja, um terço da população. Isso gera cerca de US$ 147 bilhões de custos com despesas médicas.
É ou não é pra se preocupar?

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.

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