quarta-feira, 27 de março de 2013

TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS



Ancião
Realmente o vandalismo raramente é praticado por uma só pessoa,mas sim por grupos que se julgam poderosos e  cada vez mais exibem violência  entre eles!  ”Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até cor.OLYMPUS DIGITAL CAMERA Uma, deixou em Bronx, na altura uma zona pobre e conflituosa de Nova York e a outra, em Palo Alto, uma zona rica e  tranquila da Califórnia. Duas viaturas idênticas abandonadas, dois bairros com populações muito diferentes e uma equipe de especialistas em  psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local. Resultou que a viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.
É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Atribuição em que coincidem as posições ideológicas mais conservadoras, (da direita e da esquerda). Contudo, a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada em Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto. O resultado foi que se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, e o roubo, a violência e o vandalismo: reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre.
 Por que o  vidro partido na viatura abandonada num bairro supostamente seguro, é capaz  de disparar todo um processo delituoso? Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com  a psicologia humana e com as relações sociais. Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação, que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como o “vale tudo”. Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa idéia, até que a escalada de atos cada vez  piores se torna incontrolável, desembocando numa violência irracional. Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George  Kelling), desenvolveram a ‘Teoria das Janelas Partidas’, a mesma que de um  ponto de vista criminalístico conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores. Se se parte um vidro de uma janela de um edifício e ninguém o repara, muito rapidamente estarão partidos todos os  demais. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali se gerará o  delito. Se se cometem ‘pequenas faltas’ (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar-se um semáforo vermelho) e as mesmas não são sancionadas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves. Se se permitem atitudes violentas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas. Se os  parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por  temor a criminalidade) , estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.
A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô  de Nova York, o qual se havia convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas  transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujeira das estacões,  alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer  do metrô um lugar seguro. Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani,  prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às  normas de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York. A expressão ‘Tolerância Zero’ soa a uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, de fato, a respeito dos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero. Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao  próprio delito. Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social  humana. Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja em nosso bairro, na vila ou condominio onde vivemos, não só em cidades grandes. A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras. Esta teoria pode também explicar o que  acontece aqui no Brasil com corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo etc.

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