Carlos Chagas
O sociólogo entrou numa fria ao agredir outra vez o Lula e ao declarar guerra contra Dilma. Porque assentada a poeira da recente tertúlia entre Fernando Henrique e a atual presidente, sobrou para a opinião pública comparar a imagem do tucano com a do companheiro, apesar da intervenção de Dilma. E não há como imaginar outro resultado senão o da prevalência do Lula.
Basta verificar que mesmo contido por razões de saúde, o Lula tem contribuído decisivamente para melhorar a situação de alguns candidatos do PT a prefeito. Não significa a vitória de todos, muito pelo contrário, mas a simples presença do primeiro-companheiro nos palanques e nas telinhas, segundo as pesquisas, melhorou a situação de seus indicados. Quanto a Fernando Henrique, ninguém pensou em convocá-lo para as campanhas do PSDB. Sequer participa das andanças de José Serra por São Paulo. E se participasse, quantos votos a mais conseguiria para o candidato?
De tabela, o ex-presidente cortou com Dilma um relacionamento que parecia ameno, pelo menos uma pax armada agora transformada em guerrilha. Porque a chefe do governo não é deixar arrefecer desafios. A partir de agora não perderá oportunidade para acutilar tucanos, em especial nas participações que terá nas campanhas petistas – poucas mas densas.
Em suma, Fernando Henrique perdeu excelente oportunidade de deixar a caneta imobilizada, ou, se quiserem, imóvel o teclado onde digita seus artigos.
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REJEIÇÃO DOS PARTIDÕES
REJEIÇÃO DOS PARTIDÕES
É cedo para conclusões, mas a presumível vitória de Celso Russomano para prefeito de São Paulo demonstra, acima de tudo, a derrota dos partidões pela voz rouca das ruas. PT, PMDB e PSDB estão sendo rejeitados na medida em que seus candidatos não chegam a arranhar a liderança do radialista. Haddad cresceu um pouco, Chalita não aparece e Serra despenca.
Não parece ser novidade essa reação. Ainda há pouco o Tiririca recebeu mais de um milhão de votos para deputado federal, para não falar no fenômeno Jânio Quadros, que por duas vezes, separadas por mais de trinta anos, elegeu-se prefeito contra os grandes partidos.
Resta saber o que seria a administração de Russomano na maior cidade do país. Sempre haverá o risco de amalgamar-se ao modelo clássico encenado pelos partidões, tornando-se mais um político igual aos outros. Mas também pode ser que não…
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“CAVALARIA, AVANÇAR E DEGOLAR”
“CAVALARIA, AVANÇAR E DEGOLAR”
Comemora-se amanhã mais um ano da Independência do Brasil, mas será sempre bom recordar que em diversas províncias da extinta colônia houve luta para a afirmação do Império. Na Bahia, passaram-se meses de confronto militar entre as tropas portuguesas e os contingentes brasileiros. A situação andava trágica para os partidários da Independência quando, nos arredores de Salvador, travou-se a batalha decisiva. Os batalhões que serviam Portugal estavam vitoriosos, o comandante de nossas tropas chamou o corneteiro, ordenando o toque de “retirada”.
O jovem soldado, por estar nervoso ou por patriotismo, errou ao soar a corneta, tocando “cavalaria, avançar e degolar”. De um lado e de outro os toques eram os mesmos e os portugueses, apavorados, puseram-se em fuga, decidindo a guerra e reafirmando a Independência. Só que nossas tropas não tinham cavalaria…
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