Se você visse o tamanho da figura que me pedia um PIB... chorava muito. Mínimo, franzino, neste frio polar que resolveu se abater sobre os velhos e as crianças desnutridas desta Paisagem Cultural que tanto encantou os cariocas...
Ando muito irritada com esses títulos. De que me serve aos da minha geração, ou às crianças que à noite vemos pedindo esmola no sinal vermelho, ser Paisagem Cultural?
Sempre foi e a não ser que uma hecatombe ou um prefeito hiper-ultra-aloprado tenha um surto, continuará a ser. E beleza não põe mesa!
Volto ao menininho que me pediu um PIB. Eu saia da farmácia e tomava o táxi que me esperava quando ele me abordou. PIB distribuído, peço a ele que entre no Bob’s ao lado e tome um milk-shake.
Quando fecho a porta, o motorista comenta: Será que ele sabe o que é PIB? E eu respondo: Não deve saber, mas aprendeu rapidinho que se dona Dilma acha que o PIB não serve para medir o país, alguma valia ele tem.
Ele já sabe que político quando fala, alguma coisa vem por aí. Porque neste lindo país tudo é ao contrário. Espelho mágico de circo, no Brasil tudo é invertido.
Em vez de começarmos a construir creches, jardins, escolas, começamos pelo topo, pelas faculdades. No mesmo dia em que o guri me pediu um PIB, uma amiga me telefona para dizer que seu neto de 2 anos tinha sido aprovado na creche, estava de férias por duas semanas. A curiosidade foi irresistível: Mateus foi aprovado em que? EmMassinha I foi a resposta orgulhosa da avó!
Vibrei pelo Mateus, e vibraria muito também se os nossos 'pibinhos' pudessem aprender a desenhar, a pintar, a brincar com massinha, a rabiscar e a responder aos grandes: Nós queremos comer, dormir no quentinho e aprender brincando. Só isso. Ah! e saber que nossas mães e pais estão em segurança. Que nenhuma bala perdida vai atingi-los. Ou aos nossos avós.
O frio que eu, operísticamente, chamo de polar, não incomoda os saudáveis, não aflige os bem agasalhados, não adoece os com um bom teto sobre suas cabeças, mas mata as crianças desvalidas que dona Dilma prometeu iria cuidar, aquelas dependentes de uma boa educação para entrar com o pé direito no futuro.
Belíssima ideia. Mas antes era fundamental que não morressem...
No Editorial de hoje em O Globo, agendado aqui no Blog também, leio que “Apenas em 2010 foram assassinados 8.686 crianças e adolescentes. De 1981 a 2010, o contingente de mortos foi de 176.044 jovens, a grande maioria do sexo masculino”.
Nós não tivemos nenhuma guerra de fronteira. Nenhum tarado nos invadiu. Nossa guerra é conosco mesmo. Nosso ódio é contra nosso irmão. Nossa fúria é contra nosso igual. Como explicar isso no futuro?
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