segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Recorde de impostos, por Miriam Leitão



Respire fundo antes de ler o texto a seguir: nunca antes a sociedade brasileira pagou tantos impostos como nos dois últimos anos. O IBPT fez as contas e passou para a coluna. A média da carga tributária na era Dilma deve chegar a 35,89%, em 2011 e 2012. Nos oito anos de Lula, ficou em 34,03%. Nos anos FHC, foi de 28,63%. O PIB esfriou, mas a máquina de arrecadação continuou quente.
Uma vez por ano, sempre depois da divulgação do PIB do terceiro trimestre, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) faz a projeção para medir o peso dos impostos na economia. O cálculo foi feito na sexta-feira, após o IBGE ter divulgado os dados de julho a setembro. Também leva em conta a arrecadação até o mês de novembro.
O presidente do Conselho Superior do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, explica que depois de bater em 36,02% em 2011 — a maior da história — a carga tributária deve ter um pequeno recuo este ano, para 35,77%. Não dá nem para comemorar, trata-se da segunda maior:
— Dilma teve a maior carga tributária da história em seu primeiro ano de governo. Terá a segunda maior no segundo ano. A média é de 35,89% e isso supera todos os outros.
Esse pequeno recuo de 2011 para 2012 acontecerá por um motivo ruim. O PIB esfriou este ano e será mais fraco do que o do ano passado. A indústria fechará 2012 no vermelho e, por isso, a incidência de impostos sobre a sua produção será menor.
Além disso, há uma série de impostos que foram reduzidos de forma temporária, como o IPI dos automóveis, da linha branca, de materiais de construção. Não se trata de um alívio definitivo, mas sim de um paliativo para um ano de baixo crescimento.
A arrecadação deve cair 2% este ano, em termos reais — descontada a inflação —, depois de disparar 9% em 2011. Segundo Gilberto Amaral, fechará 2012 em R$ 1,57 trilhão.
— Tivemos uma alta muito grande da carga tributária em 2011 e, agora, uma pequena queda. Quando há recuo na arrecadação, é pequeno, quando há alta, é significativa — explicou.

O percentual de 35% leva em consideração impostos federais, estaduais e municipais. Olhando apenas para os federais, a conclusão é a mesma. Recorde no ano passado, em 25,32%, com pequeno recuo para 25,07% este ano.
A alta carga tributária é um problema crônico que acompanha o país há vários governos. Vejam no gráfico abaixo. Subiu muito no de Fernando Henrique, continuou em alta no do Lula e segue batendo recordes no governo Dilma.
Impostos, multas, juros e encargos
Segundo Gilberto Amaral, do IBPT, a Receita Federal não contabiliza contribuições corporativas, multas e juros ao calcular a carga tributária. Por isso, há uma pequena diferença entre as taxas. Em 2011, por exemplo, a carga medida pela Receita ficou em 35,31% do PIB; pelo IBPT, em 36,02%. Mas ele explica que a tendência é sempre a mesma nas duas medições. 

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