Na última quinta-feira, na mesma cerimônia em que a presidente Dilma Rousseff anunciou a concessão dos aeroportos do Galeão e de Confins para a iniciativa privada, o País ganhou mais uma empresa estatal, a Infraero Serviços. O filhote da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária será a 128ª estatal brasileira, 25ª criada nos anos Lula-Dilma.
No final do governo militar, o País chegou a ter 213 estatais. Em 1990, eram 186. Em 2000, com a privatização de 41 delas, fusão e fechamento de outras, baixou para 103.
De 2003 para cá, a máquina pública só cresceu. E de forma alucinante: mais ministérios (hoje são 39), mais comissionamentos, mais conselhos consultivos, mais estatais.
Determinado a partidarizar o Estado e com voracidade ímpar por cargos, o PT chegou a criar uma estatal-fantasma, a Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016, e a ressuscitar a Telebrás, em 2008, com autorização de Lula para a emissão de R$ 200 milhões em ações.
A ex megaestatal de telefonia iria tocar um arrojadíssimo programa de banda larga barata, relançado sem a Telebrás dois anos depois, e do qual também não se tem mais notícia.
Tudo na conta dos brasileiros que, só neste ano, já pagaram mais de R$ 1, 4 trilhão emimpostos.
Na festa dos aeroportos, Dilma voltou a dizer, sem se constranger com a mentira, que o País voltará a crescer forte em 2013, que quer um “Pibão” e que está reduzindo tributos.
Balela. Sob sua égide, a carga tributária passou de insuportáveis 35% do PIB para o impudor de 36%. Uma das maiores do planeta.
Com uma política de incentivos seletiva, recém-renovada para automóveis e linha branca, e um desacerto desconcertante em áreas cruciais como energia elétrica e petróleo, também não é possível assegurar crescimento alvissareiro em 2013, muito menos um “Pibão”.
E não serão mais estatais a processar milagres. Até porque a maior parte delas ou perde dinheiro por ingerência governamental, como aconteceu com a Eletrobrás e a Petrobrás, ou é símbolo de ineficiência.
Isso sem falar na tal da probidade, artigo cada vez mais raro. A Infraero Serviços, por exemplo, nasce no seio de uma empresa que, neste ano, teve 10 funcionários - cinco deles ex-diretores - denunciados pelo Ministério Público Federal por superfaturamento de R$ 1,2 bilhão em obras de 10 aeroportos do País.
Repassar para a iniciativa privada aeroportos, portos, estradas é um grande avanço para o PT, partido que demonizou privatizações. É a revisão da ideologia fracassada de que o Estado tudo faz.
Pena que, para satisfazer a gula do PT, a contrapartida seja a de que o Estado tudo pode.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
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