O poeta carioca Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) relembra nos versos de “Noites, Estranhas Noites, Doces Noites” que o tempo passou e tudo mudou, exceto ele próprio, por enquanto.
Schmidt, um poeta gozador
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NOITES, ESTRANHAS NOITES, DOCES NOITES
Augusto Frederico Schmidt
Noites, estranhas noites, doces noites!
A grande rua, lampiões distantes,
Cães latindo bem longe, muito longe.
O andar de um vulto tardo, raramente.
A grande rua, lampiões distantes,
Cães latindo bem longe, muito longe.
O andar de um vulto tardo, raramente.
Noites, estranhas noites, doces noites!
Vozes falando, velhas vozes conhecidas.
A grande casa; o tanque em que uma cobra,
Enrolada na bica, um dia apareceu.
Vozes falando, velhas vozes conhecidas.
A grande casa; o tanque em que uma cobra,
Enrolada na bica, um dia apareceu.
A jaqueira de doces frutos, moles, grandes.
As grades do jardim. Os canteiros, as flores.
A felicidade inconsciente, a inconsciência feliz.
As grades do jardim. Os canteiros, as flores.
A felicidade inconsciente, a inconsciência feliz.
Tudo passou. Estão mudas as vozes para sempre.
A casa é outra já, são outros os canteiros e as flores
Só eu sou o mesmo, ainda não mudei!
A casa é outra já, são outros os canteiros e as flores
Só eu sou o mesmo, ainda não mudei!
(Colaboração enviada pelo poeta Paulo Peres – site Poemas & Canções)
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