22/08/2012
Giulio Sanmartini
Logo no primeiro dia de julgamento do “mensalão”, no Supremo Tribunal Federal – STF (2/8), o ministro Ricardo Lewandowski, cometeu alguns atos estranhos, que levaram a pensar que estava conivente com algum dos réus.
Apresentou um voto de ordem em 53 páginas que levaram 80 minutos para serem lidas, o que fez lembrar o advogado chicaneiro que delonga para vencer pelo cansaço. (as 53 páginas da Íntegra do voto do ministro Ricardo Lewandowski).
Mostrou-se particularmente beligerante, usando palavras fora do texto para provocações. Depois, rechaçando o pedido para que fosse breve, feito por Ayres Britto, explicou uma das razões de seu libelo que buscava derrubar o julgamento: a questão, lembrou, havia sido suscitada por Márcio Thomaz Bastos, que chamou de “o maior criminalista deste país, ex-ministro da Justiça…” mas não disse que Bastos responde pela defesa do ex-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado.
Três fatores ficaram devendo um explicação: No curso de seu voto, voltou a reclamar do calendário apertado “que esta corte se impôs”. Num país em que a Justiça é sabidamente lenta, quis esquecer que o processo havia ficado cinco anos no tribunal, tendo demorado outros dois para chegar ao julgamento.
Ao ler as suas 53 paginas, não citou uma só vez os crimes de que são acusados os réus do processo que estava sendo julgado. Não citou uma só vez os nomes dos acusados. Não se ouviu a expressão “mensalão do PT”.
Finalmente, ao ser indagado por Joaquim Barbosa sobre o motivo de ter silenciado antes e, pior, votado contra o desmembramento, que ele pedia agora, Lewandowski abespinhou-se e quis ganhar no grito dizendo que o outro recorria a “argumentum ad hominem”.(1).
O ambiente ficou tenso, mas o julgamento seguiu seu destino. Parece que ao agir dessa forma Lewanowski tenha cometido um terrível erro de avaliação. Ao que tudo indica ele pensou que o julgamento, como sói, terminaria em pizza, mas a coisa não foi bem assim. Com a passar dos dias, a situação dos réus foi se agravando, os outros ministros do STF, demonstraram não querer ir contra o clamor público.
Na semana passada, Lewandowski ainda brigou pelo direito de proferir o voto inteiro, e não conforme a metodologia proposta por Barbosa, com votações parciais dos crimes atribuídos aos réus. Ele perdeu a briga e vai precisar adequar seu voto ao do relator.
Diante desses fatos ele resolveu tirar o seu da reta, e circulam vozes, que ele votará pela condenação dos réus.
Ao que parece, a venda da justiça de Lewandowski, não é a faixa com que se cobrem os seus olhos, mas a terceira pessoa singular do imperativo afirmativo do verbo vender.
(1)“Argumento contra o homem”. Trata-se de uma estratégia de retórica, que consiste em desacreditar uma afirmação, atacando a pessoa que a sustem ao invés de contestar os argumentos que essa pessoa expôs.
(2) Texto de apoio: Reinaldo Azevedo
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