LUIZ GARCIA
No histórico julgamento em Nuremberg dos alemães criminosos de guerra, um argumento de defesa era usado por todos os réus: tinham apenas obedecido a ordens. Como alguns de nós ainda se lembram, a desculpa não colou em caso algum.
Como devia ser. É tristemente curioso que essa defesa ainda seja usada. É o que está acontecendo em Brasília no Supremo Tribunal Federal, que no momento julga o processo do mensalão. Um dos réus, Delúbio Soares, tesoureiro do PT na época do escândalo, é acusado de administrar a arrecadação de empréstimos para pagar dívidas de campanha. Sua frágil defesa, segundo diz seu próprio advogado, é a de que ele nada decidia: apenas obedecia.
Era o chamado mensalão. E não há qualquer dúvida que o dinheiro — mais de R$ 55 milhões — foi generosa e habilmente administrado. Isto é, pagou dívidas e fortaleceu alianças entre o PT e partidos amigos.
Em outras palavras — mais duras e mais claras — o partido simplesmente comprou alianças no grande mercado político nacional. Alianças compradas cheiram mal em qualquer mercado. E, muito provavelmente, o partido de Lula não é o único que se entrega a essa feia prática. Mas, como é o único apanhado em delito flagrante, só dele podemos falar. E também apenas dele está tratando a Justiça, em processo que corre no STF. Imitando a defesa dos réus de Nuremberg, o advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho, afirmou que seu cliente apenas cumpria decisões colegiadas da Executiva do PT. José Genoino, que presidia o partido no tempo do mensalão, alega, por sua vez, que só cuidava de política: questões financeiras seriam responsabilidade exclusiva de Delúbio. José Dirceu, outro manda-chuva petista, tem o mesmo argumento: cuidava de política, não de dinheiro. Acredita quem quiser.
O julgamento do STF tem extraordinária importância. Não apenas porque levará ao seu desfecho um dos maiores escândalos políticos dos últimos tempos. Mas também porque servirá de advertência para todo o universo político brasileiro. O mensalão foi uma invenção do PT e de seus aliados — mas o financiamento de projetos políticos por meios nada recomendáveis não é pecado praticado exclusivamente por petistas. Longe disso, muito longe.
Como devia ser. É tristemente curioso que essa defesa ainda seja usada. É o que está acontecendo em Brasília no Supremo Tribunal Federal, que no momento julga o processo do mensalão. Um dos réus, Delúbio Soares, tesoureiro do PT na época do escândalo, é acusado de administrar a arrecadação de empréstimos para pagar dívidas de campanha. Sua frágil defesa, segundo diz seu próprio advogado, é a de que ele nada decidia: apenas obedecia.
Era o chamado mensalão. E não há qualquer dúvida que o dinheiro — mais de R$ 55 milhões — foi generosa e habilmente administrado. Isto é, pagou dívidas e fortaleceu alianças entre o PT e partidos amigos.
Em outras palavras — mais duras e mais claras — o partido simplesmente comprou alianças no grande mercado político nacional. Alianças compradas cheiram mal em qualquer mercado. E, muito provavelmente, o partido de Lula não é o único que se entrega a essa feia prática. Mas, como é o único apanhado em delito flagrante, só dele podemos falar. E também apenas dele está tratando a Justiça, em processo que corre no STF. Imitando a defesa dos réus de Nuremberg, o advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho, afirmou que seu cliente apenas cumpria decisões colegiadas da Executiva do PT. José Genoino, que presidia o partido no tempo do mensalão, alega, por sua vez, que só cuidava de política: questões financeiras seriam responsabilidade exclusiva de Delúbio. José Dirceu, outro manda-chuva petista, tem o mesmo argumento: cuidava de política, não de dinheiro. Acredita quem quiser.
O julgamento do STF tem extraordinária importância. Não apenas porque levará ao seu desfecho um dos maiores escândalos políticos dos últimos tempos. Mas também porque servirá de advertência para todo o universo político brasileiro. O mensalão foi uma invenção do PT e de seus aliados — mas o financiamento de projetos políticos por meios nada recomendáveis não é pecado praticado exclusivamente por petistas. Longe disso, muito longe.
Genoino diz que só presidia. Delúbio conta que tratava das finanças. E Dirceu alega que só cuidava de política, não de dinheiro. Acredita quem quiser.
Se o Judiciário quiser — e provavelmente assim será — temos Nuremberg para muito tempo.
Publicado no Globo de hoje.
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