Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa -
11.7.2012
| 12h00m
Não é preciso entrar na cidade de Leiria para vislumbrar seu imponente castelo que, palco de momentos fundamentais da história portuguesa, deve ser visitado por quem se interessa por engenharia militar e por história. (E por literatura, pois a cidade de Leiria é onde se passa a história de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz).
Ao longe, da estrada, ele chama a atenção e não há quem lhe resista.
Situado no alto de um monte escarpado, a partir do qual a vista alcança uma larga paisagem ao seu redor, suas origens permanecem obscuras. Mas aos poucos os arqueólogos e historiadores vão desvelando esse passado.
Na região onde hoje está a cidade de Leiria foram encontrados vestígios de ocupação de tempos pré-históricos, depois dos romanos e dos mouros. A partir do século XII aquela área passou a ser ponto importante na defesa da fronteira sul do Condado Portucalense e sua história foi agitada por muitas batalhas e idas e vindas.
Além do motivo estratégico, D. Afonso Henriques queria ampliar seus domínios e para poder controlar melhor o que já conquistara e ter uma base de onde avançar com segurança, fez erguer entre Coimbra e Santarém, no alto de um penhasco, um novo castelo. Deu-lhe o nome de Leiria, assim como à povoação que ali começava a se instalar.
Entregou o comando da fortaleza a D. Paio Guterres. Isso em 1135. Dois anos mais tarde, nova investida dos muçulmanos: as forças de D. Afonso Henriques estavam ocupadas em conquistar a Galícia e D. Paio, apesar de defender bravamente sua posição, acabou perdendo o castelo para os mouros.
D. Afonso Henriques regressa a seu reino e na Batalha de Ourique (1139) derrota os mouros. Mas antes que o ano termine, os mouros investem novamente, reconquistam Leiria e o castelo. Outra batalha e novamente o rei português recupera sua propriedade. Por essa ocasião, manda construir a Capela dedicada á Nossa Senhora da Pena (1144/1147). (Na foto acima: à direita a entrada da capela e à esquerda os degraus que levam à entrada da Torre dos Sinos).
Seu filho e sucessor, D. Sancho I, faz erguer uma muralha em torno da vila. Daí em diante a vila de Leiria progride como centro comercial e o castelo foi sendo ampliado e guarnecido pelos reis vindouros.
A Torre de Menagem, poderosa e bela, foi concluida em 1324, ocasião da construção da Torre dos Sinos ao lado da capela (foto à esquerda). Em 1545, Leiria foi alçada à condição de cidade.
O castelo de planta poligonal irregular, é formidável pela solidez de seu sistema defensivo (muros e torres). A muralha é reforçada por torreões quadrangulares bem espaçados. A Porta do Sol corta a muralha do lado sul, onde hoje está a Torre da Sé, e a Porta dos Castelinhos, do lado norte. Ultrapassando-se a Porta do Sol ingressa-se em um largo onde se encontram algumas edificações, o antigo Paço Episcopal e a Capela de São Pedro. A Porta da Traição, em arco quebrado, encontra-se no lado oeste da muralha.
A partir de 1915, a Liga dos Amigos do Castelo e o arquiteto suiço Ernesto Korrodi iniciaram a obra de restauro e recuperação desta importante referência da arquitetura militar e palaciana. Foi o ponta-pé inicial para um esplêndido trabalho de restauração e conservação.
Os belos claustros de Leiria
Leiria, capital do distrito de Leiria.
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