quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mensalão: Rui Falcão e Marco Maia questionam julgamento


Na segunda-feira, sindicalistas da CUT reclamaram do caráter político do caso no STF



Rui Falcão questiona julgamento do mensalão no período eleitoral
Foto: Arquivo O Globo - 27/02/2012 / Marcos Alves
Rui Falcão questiona julgamento do mensalão no período eleitoralARQUIVO O GLOBO - 27/02/2012 / MARCOS ALVES
BRASÍLIA – No mesmo tom dos discursos feitos segunda-feira por sindicalistas na abertura do 11º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), manifestaram na terça-feira preocupação com a politização do julgamento do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), a partir de 2 de agosto. Falcão foi além e afirmou que, se o julgamento for feito de acordo com o que consta nos autos do processo, não haverá base para condenação dos que estão sendo processados.
Marco Maia e Falcão criticaram ainda a marcação do julgamento para o período de campanha eleitoral. Para o presidente do PT, os ministros poderiam ter julgado o caso no ano passado ou deixado para depois das eleições deste ano.
— Minha expectativa é que os ministros do Supremo (Tribunal Federal) julguem segundo os autos. E julgando segundo os autos, não há base para condenação. Esse julgamento, não deveria... é claro que eles marcam quando quiserem, mas não tenho notícia de julgamentos de tamanha importância realizado em períodos eleitorais — afirmou Falcão. — Podia ter feito antes, no ano passado, ou depois das eleições, não há nenhuma prescrição (de crime) se for depois das eleições.
Indagado se via algum motivo para a definição da data, Falcão alfinetou:
— Acaba havendo uma judicialização da política e uma politização da Justiça.
O presidente da Câmara também considerou um equívoco a data do julgamento, alegando que durante o processo eleitoral os ânimos se acirram entre os candidatos e tudo ganha uma dimensão maior.
— É um erro você marcar isso para o meio das eleições. As eleições no Brasil são politizadas, é um debate quente, acalorado, que toma conta do país, e, mais do que isso, nas eleições qualquer denúncia entra para o debate político. Quem é acusado, diz que está sendo acusado porque querem prejudicar a sua eleição. E quem acusa, o faz tentando influenciar o resultado da eleição. Isso é normal, legítimo, faz parte do processo democrático, político — argumentou Marco Maia.
Para o presidente da Câmara, já que a data foi marcada para agosto, é preciso agir para evitar a contaminação do processo eleitoral e do julgamento do mensalão:
— Esse tipo de votação, julgamento, denúncia deveria ter sido tratada em período separado do período eleitoral. Mas quis o destino que a decisão do STF, dos ministros, fosse fazer esse julgamento neste momento. O esforço que temos que fazer agora é exatamente para impedir que a eleição seja contaminada pelo julgamento e o julgamento seja contaminado pela eleição.
Partido tem deputados e ex-integrantes como réus
O presidente do PT não quis comentar a decisão de sindicalistas da CUT de ir à ruas para denunciar a politização no julgamento do mensalão. O presidente da central, Artur Henrique, chegou a comparar o mensalão à destituição do presidente paraguaio Fernando Lugo, afirmando que, em ambos, houve ataque à democracia.
Falcão afirmou que estava em Brasília e não participou do Congresso da CUT.
— Quem me representou no congresso foi o (João) Vaccari (Neto, tesoureiro do PT), não vi isso, não vou comentar — afirmou.
O julgamento do mensalão começa no dia 2 de agosto e entre os réus estão deputados e ex-dirigentes do PT e de outros partidos que integravam a base aliada do governo do ex-presidente Lula.

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