Postado no Blog Café com Chantily
E quando a Srta. Responsabilidade resolve bater de vez na sua porta. Eis a pergunta: o que fazer?
Bom, confesso que antes dos meus 17~18 anos meu maior sonho era conhecer a Srta. Responsabilidade, hoje aos meus 23, jovens e inocentes, anos de vida tudo que eu mais desejo é que a Srta. Responsabilidade tire uma folga de mim. Meu deus, que bichinha mais grudenta!
Quer saber a melhor parte da infância, eu lhe digo. É não ter responsabilidade com nada, a não ser de acordar um pouco mais cedo para assistir aquele seu desenho favorito. Ser criança é tão fácil e mesmo assim, esses pequenos seres humanos ainda conseguem se queixar de suas vidas quando a amiga não veio na sua casa na hora marcada, ou porque o bolo de chocolate que ela tanto esperava comer no café na tarde a mamãe, enquanto tomava um chá com a Srta. Responsabilidade na lavanderia, deixou o bolo passar do ponto e torrar.
Certo meu bebezinho, então você fazia aquele beiço e ficava furiosa com a vida e com seus planos que nunca davam certo. Sonhava com as visitas da Fada do Dente à noite para conseguir juntar uns 50 reais para comparar o novo lançamento da Barbie sem ter que pedir dinheiro para a mamãe, ou sem ter que incomodá-la no super mercado pela milésima vez só porque você deseja a boneca mais cobiçada de qualquer criança com 5~6 anos de idade.
Ai! Só de pensar em ser criança eu já até cansei. Que vida difícil mesmo. Ainda ter que ir deitar às 8 horas da noite e ouvir aquela historinha maravilhosa de ninar, que por sinal é sempre a mesma, a nossa favorita.
Então a gente cresce, dia-a-dia, indignados com o fato de que tudo dá errado. Papai disse que chegou tarde e cansado do trabalho e não pode me levar na praçinha. Que injustiça, o que eu tenho com isso? Deve pensar a inocente criança, então nesse momento a mamãe nos chama para a mesa, pois o jantar está servido.
Crescemos assim, achando que somos incompreendidos, que a nossa vida é difícil. Na adolescência ninguém nos entende porque choramos quando o garoto mais gato da escola não nos da bola e ainda nos criticam quando nos apaixonamos e namoramos com o mais 'meia boca' em beleza.
Afinal, quando é que as coisas vão ficar fáceis na vida? Tô pra te dizer, caro leitor que até hoje eu me pergunto isso e eu tenho apenas 23 anos. Não me sinto mal com isso, pois vejo alguns de 40, 50, 60 anos se perguntando a mesma coisa, mas o engraçado é que ao responderem eles sorriem sempre. Confesso, não entendo por que!
Oba! Formada no 2º grau, é hora de dar uma direção na vida, buscar um trabalho. Droga de vida, quando é que as coisas começam a ficar fáceis? Ah! Óbvio, quando vem o primeiro salário, é claro. Ele popularmente é chamado de independência, por mínimo que seja.
E essa tal Srta. Independência, olha.. tô pra te dizer novamente. Eita “Senhorina” mais patricinha - falando popularmente. Tudo tem um preço e sempre pede do bom e do melhor. O tênis do ano que tanto sonhávamos e só ganhávamos no Natal, agora ficou ainda mais distante, porque temos outras contas para pagar.
E o tempo vai passando, os Natais vão deixando seus votos de renovação e então enquanto os tênis novos ficam surrados pelo tempo, somos apresentados a Sra. Realidade.
Olha que pessoinha mais pra baixo ein. Ela parece praticamente um retrato de Monalisa, felicidade e tristeza em um único retrato. Feliz quando tudo da certo, quando sobra salário no final do mês. Triste, quando sobra mês no final do salário e assim, mensalmente cada vez mais ficamos próximos da Sra. Realidade, amigos de infância – praticamente.
Esqueci de apresentá-la falando nisso. A Sra. Realidade é uma pessoa já bem vivida, que sabe por onde vir e se não vir, como se irá cair. Sabe cada passo, tem precisão nos mesmos e sabe que se erramos coincidentemente ela nos marca um café às surpresas com o seu bom amigo, Velho Passado.
A Sra. Realidade hoje gostaria de finalizar esse post, então como ela estava até pouco aqui jantando comigo vou traduzir algumas das palavras que ela me deixou:
Viver é muito simples e fácil, o difícil é saber aceitar quando as coisas não saem como esperamos. Conhecer os parentes da Sra. Realidade um a um a cada dia da vida não é muito fácil também, se até mesmo rejeitamos desconhecidos no Facebook e Orkut, quem dirá na vida real.
Saber aceitar simplifica as coisas, ter vontade e perseverança melhora qualquer situação. Não entregar-se jamais é a essência que cada um deve carregar. Vire a cara para o jovial Dom Orgulho e aceite a companhia da gentil Humildade. Jamais encolha a mão em prol de uma ajuda, mas também saiba quando ter que dispor as mãos em parada, ou a um exagero.
Ser criança é uma maravilha e deixe isso claro aos seus filhos. Dê a eles toda a dedicação que puder, por mais que seu trabalho te consuma mais que a energia da sua garotinha em casa. Sorria, se você tirou tempo para criar, ter, montar uma família, tire um pouquinho a mais para fazê-la feliz.
Aquele acompanhamento diário com a Srta. Responsabilidade (praticamente sua psicóloga) todos temos, o que diferencia uns dos outros é o simples fato de saber sorrir e agradecer por ter construído sua própria história de ninar.
Ser jovem é uma delícia, é quando descobrimos os gostos mais interessantes da vida. O beijo, os prazeres do corpo, a liberdade, a música e o principal de todos esses: quando descobrimos nós mesmos e o que queremos de fato.
Ser adulto, pai, mãe, tio, avó é apenas um complemento, um enriquecimento daquilo que temos como dádiva e que muitas vezes só sabemos reclamar.
Viver é apenas um dom. Os prazeres da vida a que nos damos o luxo é o enriquecimento da alma e que nos fazer ter um coração tão puro e tão bondoso, cujo qual após nosso término aqui acabamos por receber uma estrela. Como aquelas que nos são dadas nas provas em que tiramos 10.
Só que recebemos um prestigio maior ao receber essa estrela. Papai do Céu na verdade a coloca lá no alto, próximo da lua, para que todos possam ver que pessoa maravilhosa que tivemos a oportunidade de ser. E não é atoa que as estrelas só aparecem e brilham à noite, pois é à noite que são contadas as mais belas histórias de ninar.
GEDIEL, Camila. Sua História de Ninar. 2011.
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