Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
As grandes bibliotecas são lugares apaixonantes. Sempre olhei as prateleiras cheias e coloridas com um misto de respeito e encantamento. Em primeiro lugar, formam um cenário lindo, do qual ninguém se cansa. E depois, a curiosidade, o mistério...
O que será que aqueles tesouros encerram? Que pensamentos, histórias, amores, casos, pessoas, lugares, cidades, paisagens? É fascinante sentar, em silêncio, e olhar essa fieira de amigos silenciosos, e à nossa disposição, que estão ali para nos encantar e instruir.
Nestas duas semanas, falamos das obras-primas que conservam obras-primas. Foi uma doce viagem por lindas e históricas bibliotecas. Na verdade, e vou me repetir, é um passeio que se faz por porta-joias que são verdadeiras joias.
Não encerro pela mais antiga, nem pela mais rica, nem pela guardiã dos maiores tesouros. Mas pela que sempre figura entre as mais importantes do mundo, em beleza e riqueza do acervo, e que fica no Rio, no coração desta cidade, atrás do histórico Largo de São Francisco, ao pé da Praça Tiradentes e a dois passos das ruas do Ouvidor e Gonçalves Dias, por onde andaram Machado, Lima Barreto, Bilac, Nabuco, João do Rio, e outras figuras de nossa herança cultural. Aliás, todos frequentadores do belíssimo Real Gabinete.
A instituição foi fundada em 1837 e em 1880 a sede original já era pequena para o grande acervo acumulado. Basta dizer que a biblioteca, em 1860, contava com cerca de 33.000 volumes e, vinte anos depois, rondava os cinqüenta mil exemplares.
Inaugurada em 1887, a fachada da nova sede (foto à esquerda), inspirada no Mosteiro dos Jerônimos, em pedra de Lioz trazida de Lisboa, tem quatro estátuas, a saber: Pedro Álvares Cabral, Luís de Camões, Infante D. Henrique e Vasco da Gama, e nos medalhões, os escritores Fernão Lopes, Gil Vicente, Alexandre Herculano e Almeida Garrett.
O interior também é em estilo neomanuelino nas portadas, nas estantes de madeira e nos monumentos comemorativos. Infelizmente, não tenho muitas fotos, mas as que tenho, são representativas.
Aberta ao público desde 1900, a biblioteca do Real Gabinete possui a maior coleção de obras portuguesas fora de Portugal.
Com cerca de 350.000 volumes, possui obras raras como um exemplar da edição "princeps" de “Os Lusíadas” (1572); “As Ordenações de D. Manuel” (1521); os “Capitolos de Cortes e Leys que sobre alguns delles fizeram” (1539); a “Verdadeira informaçam das terras do Preste Joam, segundo vio e escreveo ho padre Francisco Alvarez” (1540); um manuscrito da comédia "Tu, só tu, puro amor", de Machado de Assis, e muitas outras.
Morador do Rio que nunca lá esteve, francamente... não merece morar aqui!
E quem veio ao Rio e não foi lá, sinto muito, foi ao ar e perdeu o lugar...
Rua Luis de Camões,30 Rio de Janeiro, RJ
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