terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
A nova rusga do jornal Clarín com o governo da peronista populista e muito incompetente Cristina Kirchner, na Argentina, teve desdobramento nesta terça-feira (3). A promotora responsável por investigar o assassinato do promotor Alberto Nisman, Viviana Fein, voltou atrás e confirmou que foram encontrados rascunhos na casa do promotor e que, nestes rascunhos, havia um pedido de prisão da presidente Cristina Kirchner, seu chanceler Héctor Timerman e outros envolvidos. Nisman acusava o governo Kirchner de encobrir supostos culpados iranianos do atentando à Amia (associação judaica), em 1994. Ele foi encontrado morto em seu apartamento na noite de domingo (18).
A informação de que Nisman havia pensado em pedir a prisão da presidente foi divulgada pelo jornal "Clarín" na sua edição de domingo. Na segunda-feira (2), o chefe de gabinete da Casa Rosada, Jorge Capitanich, rasgou as páginas do "Clarín" durante entrevista coletiva que concede diariamente e que é transmitida pela TV. Capitanich acusou o jornal de mentir e usou como argumento a nota do juiz responsável pelo caso, Ariel Lijo, de que a denúncia que chegou à Justiça não pedia a prisão de nenhum dos acusados. Outra nota, divulgada pela assessoria da promotora Viviana Fein, negava a existência desses rascunhos, o que reforçava a crítica do governo. Nesta terça-feira (3), porém, essa contestada procuradora Viviana Fein disse que os rascunhos existem e que fazem parte dos documentos analisados na investigação. Em entrevista a uma rádio argentina, disse que a nota divulgada ontem tinha um "erro de interpretação" da assessoria de imprensa. Ela disse que ditou a resposta por telefone e que foi mal interpretada. Viviana Fein negou que tenha havido intenção, da comunicação do Ministério Público, de alterar sua resposta e também negou que tenha sofrido pressão do governo para que desmentisse a reportagem do "Clarín". "Eram rascunhos que efetivamente têm a ver com a denúncia de Nisman, como anteciparam os jornais, com pedido de detenção da senhora presidente. Rascunhos que não foram incorporados à denúncia apresentada ao juiz Lijo", disse Fein. Na sua edição desta terça-feira (3), o "Clarín" exibe as reproduções dos rascunhos. Segundo a reportagem, há anotações com a letra de Nisman. O jornal afirma que os pedidos de prisão não chegaram à Justiça, mas indicam que Nisman teria provas contundentes contra Cristina Kirchner e o governo. Segundo o "Clarín", o rascunho é datado de junho de 2014, o que mostra que Nisman não trabalhou apressadamente, como sugeriu o governo ao tentar desqualificar a denúncia do promotor. Pouco depois de Viviana Fein reconhecer o erro, Capitanich começou sua entrevista coletiva diária. O chefe de gabinete não reconheceu o erro e voltou a classificar de "lixo" a reportagem do "Clarín" e a atacar o grupo, que considera opositor. "Não confundam liberdade de empresa com liberdade de expressão". Para Capitanich, a reportagem faz parte de "operações da imprensa grosseiras e sistemáticas, que são lixo permanente". Lixo permanente, sem dúvida, é este governo peronista extremamente corrupto, membro do Foro de São Paulo. O jornalista Nicolás Wiñaski, do Clarin, autor da reportagem polêmica, estava na coletiva e tentou fazer perguntas a Capitanich, que se recusou a respondê-lo. Em texto publicado em primeira pessoa no site do jornal, ele afirmou que o chefe de gabinete evitou olhar em seus olhos e que Capitanich "briga com a realidade". "Não queria que o chefe de gabinete me pedisse desculpas, só queria ver como sairia do labirinto em que ele próprio entrou há 24 horas", disse.
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