Quem diria que as águas de Seattle um dia fossem ficar tão quentes que afugentariam até peixe?
"Quente" para o padrão local, claro.
Com temperatura em torno de 10 graus centígrados no verão, algumas áreas dos braços de mar ao redor de Seattle subiram até três graus este ano, graças a uma estação que começou surpreendentemente cedo.
Felicidade para a população, que geralmente não sabe o que é verão até o fim de julho.
Mas aí foi o salmão que teve que passar as férias em outro lugar.
Três milhões de salmões do tipo sockeye foram pescados em águas canadenses, mais pro norte, contra somente 100 mil unidades pescadas em Seattle.
A conta geralmente é meio a meio. Essa é a disparidade mais alta dos últimos 60 anos.
Mas o que é que isso importa se o Alasca manda salmão suficiente para abastecer a demanda local e em qualquer parte da cidade é possível se refastelar da iguaria que faz a fama da região noroeste dos Estados Unidos?
O que importa se toda uma indústria pesqueira dependente do salmão está quebrando a cabeça diante da perspectiva do El Nino, mais pro fim do ano, continuar a trazer água quente para a região, podendo manter a situação até 2015?
Importa é que os churrascos nos parques começaram a ser feitos ainda em maio, mesmo com um casaquinho pra ajudar a se proteger do vento gelado.
Que as tardes preguiçosas com a gente esparramada de frente pros lagos já puderam ser aproveitadas em junho. Que o saudável esporte de reclamar do calor já pôde ser praticado em julho.
E que agosto vem sendo a coroação de um verão glorioso, com aluguel de caiaque, passeio de barco, hiking nas montanhas, braçadas nos lagos, acampamento nas reservas florestais e um montão de pôr-do-sol de cair o queixo.
Com ou sem salmão.
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat.
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