sexta-feira, 1 de agosto de 2014

IDADE E CONEXOS

A Coluna de Carlos Brickmann


 imagesVelhos e moços
O excelente Ennio Pesce costumava dizer que as pessoas, quando completam 60 anos de idade, perdem o nome. Passam a ser “sexagenárias”. Se tomarem um tombo, é “sexagenário cai na calçada”. Se passarem um conto do vigário, é “sexagenário engana o turista e entrega cruzeiros novos em troca dos dólares”.
Leão, um esplêndido goleiro, desde muito jovem tinha cabelos brancos, e os pintava de louro. Por que? Porque, explicava ele, se tomasse um frango e estivesse com os cabelos pintados, teria engolido um frango. Se tomasse um frango e não tivesse pintado os cabelos brancos, estaria velho para continuar jogando.
E essas besteiras continuam. Ainda outro dia, uma coluna esportiva criticava o novo técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo, por sua idade (62 anos). Luxemburgo já ganhou muitos títulos, perdeu outros tantos, mas não ganhou nem perdeu por causa da idade. Alex Ferguson, aos 61 anos, ganhou pela terceira vez a Premier League da Grã-Bretanha, com o Manchester United.
Preconceito com idade é coisa de gente que não sabe o que fala. Aos 69 anos, Winston Churchill assumiu o poder na Inglaterra para liderá-la com êxito na Segunda Guerra Mundial. Aos 79, Konrad Adenauer foi escolhido primeiro-ministro da Alemanha Ocidental, devastada pela guerra. Recuperou o país, criou laços com a França, inimiga histórica dos alemães, lançou as bases da União Europeia e deixou o poder, por sua livre e espontânea vontade, aos 94 anos, elegendo o sucessor.
Já o imperador Nero botou fogo em Roma com menos de 30 anos de idade.

imagesPor falar em idade
Os meios de comunicação informaram que Ariano Suassuna morreu aos 73, aos 83 e aos 87 anos. A última data era a correta: ele nasceu em 16 de junho de 1927, conforme uma rápida consulta ao Google pode revelar. E não morreu no dia em que sua morte foi divulgada, mas no dia seguinte.

Nome? Que é isso?
Sexagenário atropelado. E não é só isso: surgiu também a moda de identificar as pessoas por sua profissão. “Nutricionista assaltada”, “engenheiro ajudou idosa a recuperar seu gato” – tudo sem que a profissão tenha a menor importância no desenrolar dos fatos.
O time de preferência também virou identificador: “Corintiano pode ter sido morto por vingança”. Vingança por algo que disse no estádio ao torcedor do time adversário? Não: por qualquer outro motivo, sem nenhuma relação com seu time favorito. Personagens sem nome, notícias desumanizadas.

A origem da palavra
O escritor e professor Deonísio da Silva, excelente filólogo, conta-nos a origem da palavra “capivara” como sinônimo de folha-corrida de marginais:
É simples. No prontuário dos cavalheiros habituados a frequentar camburões, havia o timbre Delegacia de Captura da Vara (…). Com o tempo, o prontuário passou a “puxa a ficha de captura da Vara tal” e abreviada para “puxa a capivara”. Muitos pais da Pátria, que antigamente tinham currículo, acabaram por substituí-lo pela capivara.

Frases
Do jornalista Cláudio Humberto:
Lula desafia o PSDB a provar que alguém criou mais mecanismos anticorrupção do que ele, mas não abre o bico sobre a amiga Rose.
Do jornalista Palmério Dória:
Marin merece uma medalha pela escolha de Dunga. Se não derem, ele pega.
Do jornalista Ancelmo Góis:
Dunga é um Felipão piorado, sobretudo em termos de grosseria e falta de educação.
Do jornalista Cláudio Tognolli:
Ao devolver a seleção a Dunga, a CBF homenageou uma velha prática do brasileiro: a de entregar os berçários ao rei Herodes.
Do jornalista Idelber Avelar:
Em época eleitoral, de fraturas e antagonismos nas redes sociais, eu sou a favor do Dunga por motivos de: nos une a todos na cornetagem
Do tuiteiro Zé Palhano
“Flu preocupado em dar carinho a Fred”. O que é mais extraordinário? A carência do mané ou a notícia?
Do jornalista Marco Lacerda, editor do Dom Total:
Ouvir Lula falar é como tomar Óleo de Fígado de Bacalhau em jejum (Esta é supimpa!)

O grande título
Comecemos com a frase impensada, numa reportagem sobre o fechamento da maternidade de um grande hospital:
O Hospital (…) vai encerrar as atividades da maternidade, uma das principais privadas de São Paulo

E passemos para outro título cujas implicações não foram bem avaliadas:
Justiça abre brecha para proibir universidade pública de cobrar por pós
Quanto será cobrado por pós?

Uma frase notável:
Futuro presidente da CBF defende Dunga: “Ele foi humilhado em 2010″
Se esta é a defesa, imagine o ataque.

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