O GLOBO - 25/07
O comportamento da deputada deveria merecer alguma reação do Legislativo. Ajudar foragidos da Justiça não é algo que se aceite de uma pessoa com mandato político
A advogada Eloísa Samy e David Paixão são conhecidos como “ativistas”. Esse curioso apelido — não sei se criado pela mídia ou por eles mesmos — identifica cidadãos que se dedicam a ações políticas não praticadas pelos chamados políticos profissionais.
Não procuram mandatos nem cargos públicos: sua ação se concentra nas ruas, em manifestações de protesto contra o que consideram vícios e defeitos do Estado e dos partidos políticos tradicionais. Têm a virtude de serem idealistas que não desejam cargos nem mandatos. Fazem parte de um fenômeno mundial e, certamente, são úteis e necessários intérpretes de uma generalizada insatisfação popular com o comportamento de pelo menos uma parte do universo político do país.
Ativistas têm, certamente, direito a existir e agir. Com a ressalva de que não lhes é dado o privilégio, negado a todos os cidadãos, de desobedecer as leis do país. Tudo isso é óbvio, mas precisa ser lembrado a propósito de um episódio desta semana. Seus personagens são a advogada Eloísa Samy, o cidadão David Paixão e a deputada Janira Rocha, do PSOL. Os dois primeiros eram, na ocasião, foragidos da Justiça, denunciados por formação de quadrilha armada — o que, vale a pena lembrar, é um crime bastante sério, se for verdade. Os tribunais decidirão, e neles devemos e podemos confiar.
Pelo visto, a deputada Janira Rocha não confia. Esta semana, Eloísa e David tentaram, sem sucesso, conseguir asilo político no consulado do Uruguai, em Botafogo. Com eles, estava Camila Nascimento, que não tem prisão decretada e, pelo visto, desejava um inédito asilo preventivo. Ao saírem, Janira deu carona ao trio em seu carro oficial. Mais tarde, ofereceu uma curiosa explicação: “Eu não facilitei a fuga. Quem facilitou foram o estado e sua polícia.” E terminou com uma curiosa tirada: “Estou vendo as leis serem pisoteadas e o processo legal ser pisoteado.” Lamentavelmente, esqueceu-se de informar quem seriam os pisoteadores. Serão, por acaso, os policiais e promotores que combatem a formação de quadrilhas?
O comportamento da deputada deveria merecer alguma reação do Legislativo. Ajudar abertamente foragidos da Justiça não é algo que se possa aceitar de uma pessoa com mandato político. Mas pode-se apostar que nada vai acontecer.
O comportamento da deputada deveria merecer alguma reação do Legislativo. Ajudar foragidos da Justiça não é algo que se aceite de uma pessoa com mandato político
A advogada Eloísa Samy e David Paixão são conhecidos como “ativistas”. Esse curioso apelido — não sei se criado pela mídia ou por eles mesmos — identifica cidadãos que se dedicam a ações políticas não praticadas pelos chamados políticos profissionais.
Não procuram mandatos nem cargos públicos: sua ação se concentra nas ruas, em manifestações de protesto contra o que consideram vícios e defeitos do Estado e dos partidos políticos tradicionais. Têm a virtude de serem idealistas que não desejam cargos nem mandatos. Fazem parte de um fenômeno mundial e, certamente, são úteis e necessários intérpretes de uma generalizada insatisfação popular com o comportamento de pelo menos uma parte do universo político do país.
Ativistas têm, certamente, direito a existir e agir. Com a ressalva de que não lhes é dado o privilégio, negado a todos os cidadãos, de desobedecer as leis do país. Tudo isso é óbvio, mas precisa ser lembrado a propósito de um episódio desta semana. Seus personagens são a advogada Eloísa Samy, o cidadão David Paixão e a deputada Janira Rocha, do PSOL. Os dois primeiros eram, na ocasião, foragidos da Justiça, denunciados por formação de quadrilha armada — o que, vale a pena lembrar, é um crime bastante sério, se for verdade. Os tribunais decidirão, e neles devemos e podemos confiar.
Pelo visto, a deputada Janira Rocha não confia. Esta semana, Eloísa e David tentaram, sem sucesso, conseguir asilo político no consulado do Uruguai, em Botafogo. Com eles, estava Camila Nascimento, que não tem prisão decretada e, pelo visto, desejava um inédito asilo preventivo. Ao saírem, Janira deu carona ao trio em seu carro oficial. Mais tarde, ofereceu uma curiosa explicação: “Eu não facilitei a fuga. Quem facilitou foram o estado e sua polícia.” E terminou com uma curiosa tirada: “Estou vendo as leis serem pisoteadas e o processo legal ser pisoteado.” Lamentavelmente, esqueceu-se de informar quem seriam os pisoteadores. Serão, por acaso, os policiais e promotores que combatem a formação de quadrilhas?
O comportamento da deputada deveria merecer alguma reação do Legislativo. Ajudar abertamente foragidos da Justiça não é algo que se possa aceitar de uma pessoa com mandato político. Mas pode-se apostar que nada vai acontecer.
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