O GLOBO - 01/01/14
Tema eterno na agenda nacional de debates, a reforma agrária é assunto quase sempre intoxicado por viés político. Daí ser de difícil mediação o conflito entre apoiadores e opositores da distribuição de terras. Bandeira inicialmente relacionada a forças políticas de esquerda, esta reforma também foi abraçada por conservadores, tendo frequentado até mesmo programas de governo na ditadura militar.
Como a paixão ideológica costuma sacralizar assuntos, a palavra de ordem da “reforma agrária” foi convertida em mantra com a redemocratização, reforçada com a chegada do PT ao Planalto, em 2003, em cujo comboio político estavam “organizações sociais” como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e similares.
Passados quase 12 anos com o PT no principal gabinete do Palácio do Planalto, o mantra se mantém. Mesmo que nas últimas décadas a agricultura brasileira tenha passado por uma modernização revolucionária, a ponto de superar a necessidade da reforma agrária como pensada no século passado.
Uma das vigas de sustentação desta mudança foi a criação da Embrapa, nos governos militares, laboratório estatal de desenvolvimento de tecnologias agrícolas. Na década de 70, com ajuda japonesa, o Cerrado, uma vasta região semiárida no centro do país, foi domada e, assim, a fronteira agrícola da produção, principalmente de grãos, avançou rumo à Amazônia.
Soja, seus derivados, e milho, entre outros, ligaram o interior do Brasil aos preços internacionais. A modernização se espalhou e o antigo “latifúndio improdutivo” foi atingido pelas ondas de choque da agricultura capitalista. Ao mesmo tempo, como é natural no processo de desenvolvimento, aumentou a migração para as cidades.
Eis por que as organização dos sem terra enfrentam dificuldades em encontrar pessoas que de fato queiram — e saibam — explorar a terra. Mesmo filhos de famílias que vivem em assentamentos sonham com uma vida urbana.
A evolução da agropecuária foi tal que o chamado agronegócio passou a ser o setor mais dinâmico da economia brasileira. Realizou-se a ideia, quase um chavão, do “Brasil, celeiro do mundo”.
A contribuição da atividade na captação de divisas é indiscutível. Em 2013,por exemplo, quando, na melhor hipótese, a balança comercial terá fechado em equilíbrio, de janeiro a setembro as exportações totais recuaram 1,6%; já as do agronegócio avançaram 9,5%. O setor havia contribuído com 44% de todas as vendas ao exterior. Com a indústria em fase de baixa capacidade de competição externa, as exportações agropecuárias é que compensam o problema, e com sobras, até para financiar a importação de alguns alimentos, como trigo.
E não há qualquer contradição entre extensas áreas de cultivo, como precisam ser algumas (grãos), e a chamada agricultura familiar, também beneficiada pelo agronegócio.
Tema eterno na agenda nacional de debates, a reforma agrária é assunto quase sempre intoxicado por viés político. Daí ser de difícil mediação o conflito entre apoiadores e opositores da distribuição de terras. Bandeira inicialmente relacionada a forças políticas de esquerda, esta reforma também foi abraçada por conservadores, tendo frequentado até mesmo programas de governo na ditadura militar.
Como a paixão ideológica costuma sacralizar assuntos, a palavra de ordem da “reforma agrária” foi convertida em mantra com a redemocratização, reforçada com a chegada do PT ao Planalto, em 2003, em cujo comboio político estavam “organizações sociais” como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e similares.
Passados quase 12 anos com o PT no principal gabinete do Palácio do Planalto, o mantra se mantém. Mesmo que nas últimas décadas a agricultura brasileira tenha passado por uma modernização revolucionária, a ponto de superar a necessidade da reforma agrária como pensada no século passado.
Uma das vigas de sustentação desta mudança foi a criação da Embrapa, nos governos militares, laboratório estatal de desenvolvimento de tecnologias agrícolas. Na década de 70, com ajuda japonesa, o Cerrado, uma vasta região semiárida no centro do país, foi domada e, assim, a fronteira agrícola da produção, principalmente de grãos, avançou rumo à Amazônia.
Soja, seus derivados, e milho, entre outros, ligaram o interior do Brasil aos preços internacionais. A modernização se espalhou e o antigo “latifúndio improdutivo” foi atingido pelas ondas de choque da agricultura capitalista. Ao mesmo tempo, como é natural no processo de desenvolvimento, aumentou a migração para as cidades.
Eis por que as organização dos sem terra enfrentam dificuldades em encontrar pessoas que de fato queiram — e saibam — explorar a terra. Mesmo filhos de famílias que vivem em assentamentos sonham com uma vida urbana.
A evolução da agropecuária foi tal que o chamado agronegócio passou a ser o setor mais dinâmico da economia brasileira. Realizou-se a ideia, quase um chavão, do “Brasil, celeiro do mundo”.
A contribuição da atividade na captação de divisas é indiscutível. Em 2013,por exemplo, quando, na melhor hipótese, a balança comercial terá fechado em equilíbrio, de janeiro a setembro as exportações totais recuaram 1,6%; já as do agronegócio avançaram 9,5%. O setor havia contribuído com 44% de todas as vendas ao exterior. Com a indústria em fase de baixa capacidade de competição externa, as exportações agropecuárias é que compensam o problema, e com sobras, até para financiar a importação de alguns alimentos, como trigo.
E não há qualquer contradição entre extensas áreas de cultivo, como precisam ser algumas (grãos), e a chamada agricultura familiar, também beneficiada pelo agronegócio.
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