Gilson Percinotto
Há três fatores de condensação (ou pontos de acumulação) que sustentam a corrupção, a prevaricação e a impunidade.
O primeiro deles corresponde ao mau caráter, tanto de corruptos quanto de corruptores, visto que ambos se consideram titulares do poder (que apenas em tese emana do povo, vislumbrado da mesma forma, enquanto plebe acéfala, desde as civilizações da antiguidade).
O segundo grande fator corresponde à proteção recíproca, ao pacto de mediocridade que caracteriza a apropriação e a corrosão interna das instituições, com peixes grandes, peixadas, “costas quentes”, aquecidas por quem comanda e deve favores, funcionários fantasmas, propinas, pagar a polícia e a segurança para trabalhar arbitrariamente, apropriando-se do Estado, patrimonialismo, neocoronelismo, nepotismos, tráficos de influência, violações à isonomia,ilicitações, pedras no caminho do princípio da eficiência, ironizado enquanto deficiência decorrente não de culpa consciente, mas de dolo eventual.
O terceiro elemento está relacionado a todos nós e se chama omissão. Medo, desapontamento, passividade, comodismo, desesperança. Nem mesmo os canais para as denúncias anônimas funcionam adequadamente diante da infecção omissiva. Todos assistem à “farra do boi”, aos maus tratos e à violação às leis e à moralidade, alguns até pagam para estar na platéia, mas poucos têm coragem suficiente para correr atrás, até mesmo dos seus próprios direitos quando continuamente violados.
Felizmente, há espaços de resistência como esta tenaz, valorosa e determinada Tribuna da Imprensa, com os seus combatentes heróicos (clássicos guerreiros de uma vida inteira) como os incansáveis corações de comentaristas e jornalistas, com focos de exemplar honradez em Carlos Newton e Hélio Fernandes.
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