Ninguém sabe quando foi e do que se tratou o primeiro lampejo ou centelha, genial ou não, que se converteu na primeira ideia gerada em um cérebro humano. As fronteiras que marcam o momento em que o ser humano conquistou o título autoconcedido de se chamar racional.
Apesar da incerteza e inexistência de detalhes em relação a este primeiro evento, ninguém questiona o valor das sucessivas inovações geradas pelas ideias. E parece ser a capacidade de transformar ideias em inovações uma dos motores mais importantes da prosperidade.
Não basta a criatividade. Uma ideia tem que estar amparada por conhecimento que lhe conceda utilidade. Ser nutrida por empreendedores que persigam seu desenvolvimento e utilização. E, finalmente, estar inserida em ambiente onde estes empreendedores tenham maximizadas as chances de acesso a recursos para a execução de seus planos baseados nos (idealmente exclusivamente) nos méritos de seus projetos e em sua capacidade de executa-los.
Enfim, não basta conceber. Executar é também importante. Por isso, a inovação parece se concentrar lugares onde se facilita o empreendedorismo através de acesso ao capital privado de risco; a mão de obra é qualificada e abundante; a infraestrutura é adequada e funcional; e existe cultura de troca de ideias e investimento de risco. E, não por coincidência, nestes mesmos lugares, a prosperidade é maior.
Inovação é processo caótico. Não é baseado na escolha concentrada e individual de alguns poucos tomadores de decisão. É, ao contrário, baseada em processo de seleção natural de projetos que, coletivamente, quase parecem adotar o método de ensaio e erro.
Em inovação, vale a lei dos grandes números. Por isso, quanto maior a população de empreendedores e o numero de projetos, maiores as chances de que algum destes projetos floresça.
A prosperidade, especialmente nos dias de hoje, esta ligada, ao mesmo tempo, a maneira como se administra o capital criativo disponível; e se trata aqueles dispostos a arriscar no novo e no incerto. Lugares que tratam mal as ideias e os empreendedores estão condenados ao atraso.
É metodicamente arriscando no novo e no incerto que se cria a prosperidade. E é da seleção natural de grande numero de ideias e projetos através de uma rede descentralizada de empreendedores que vem a prosperidade.
Empresas vencedoras e inovadoras emergem em ambientes de intensa competição de ideias e projetos. É impossível escolher os vendedores por antecipação. Campeões eleitos de maneira centralizada estão condenados ao fracasso e a perda financeira. Normalmente do dinheiro alheio.
Elton Simões mora no Canadá. Formado em Direito (PUC); Administração de Empresas (FGV); MBA (INSEAD), com Mestrado em Resolução de Conflitos (University of Victoria). E-mail: esimoes@uvic.ca
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