O GLOBO
"Investigadores pedirão quebra de sigilo para rastrear supostos pagamentos a manifestantes 'profissionais'
A Polícia Civil vai pedir à Justiça a quebra do sigilo bancário de Sebastião Rodrigues Machado Júnior, o Nayt, assessor do deputado estadual Geraldo Pudim (PR), e de outros suspeitos de envolvimento no recrutamento de ativistas "profissionais" para a realização de atos como o Ocupa Cabral e Ocupa Câmara. Conforme O GLOBO revelou ontem, uma investigação iniciada há cinco meses levantou evidências de que Nayt atuou como interlocutor entre integrantes do PR — presidido no Rio pelo deputado federal Anthony Garotinho — e um grupo de manifestantes. Pelo menos seis deles vieram de estados das regiões Norte e Nordeste, inclusive Jair Seixas Rodrigues, o Baiano, preso sete vezes desde o início dos protestos na cidade.
Com a quebra do sigilo bancário dos suspeitos, a polícia espera rastrear supostas remessas de dinheiro para ativistas "profissionais", que, de acordo com investigadores, compravam alimentos, barracas e passagens para grupos de manifestantes, além de cobrirem outros custos. Um dos beneficiados teria sido Baiano, que, detido por desacato e danos ao patrimônio, acabou sendo solto após o pagamento de fianças. Preso pela última vez durante os distúrbios de 15 de outubro, ele permanece na cadeia sob as acusações de atear fogo a um ônibus e de depredar um carro da PM.
Coordenada pelo Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), a investigação sobre os ativistas "profissionais", realizada em conjunto com a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e a Coordenadoria de Informações e Inteligência (Cinpol), inclui depoimentos de Anderson Harry Grutzmacher, ex-militante do PR que denunciou um suposto esquema de recrutamento de manifestantes.
Anderson chegou a gravar conversas com o secretário-executivo do PR, Fernando Peregrino, e outros integrantes da cúpula do partido. Num diálogo de quase meia hora, eles discutem a contratação de manifestantes para um protesto em frente à casa do senador Lindbergh Farias (PT). Ontem, Peregrino confirmou que se reuniu com Anderson, mas disse não se lembrar do teor da conversa. Ele negou que o PR pague pessoas para se infiltrar em manifestações:
— Não existe isso de o partido pagar militantes. As manifestações de rua ocorreram pela insatisfação com os governos e os políticos. No Rio, o alvo é o governador Sério Cabral, e nosso partido também discorda da maneira como ele governa. Para mim, esse Anderson é que pode ser um infiltrado político, possivelmente ligado ao PMDB.
Ontem, o GLOBO voltou a procurar Geraldo Pudim e Nayt, mas eles não atenderam as ligações. Em nota divulgada numa rede social, Nayt negou conhecer Baiano e Anderson. No texto, ele se apresenta como militante do movimento negro e "ativista da questão racial negra com destaque para a questão quilombola". Para Nayt, a reportagem tenta usá-lo para atingir o deputado Anthony Garotinho. A deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), que era presidente da Juventude do PMDB quando Nayt comandava a executiva Afrobrasileira do mesmo partido, também não retornou os telefonemas.
Garotinho não quis dar entrevistas. Segundo sua assessoria de imprensa, o que ele tem a dizer sobre o assunto está em seu blog. Pela internet, o ex-governador afirmou que a direção de seu partido não financiou qualquer grupo para participar de manifestações. "Se alguém o fez, foi por conta própria, e tem o direito de fazê-lo e arcar com as consequências", afirma Garotinho num trecho do comunicado.
O corregedor da Assembleia Legislativa, deputado Comte Bittencourt (PPS), disse que ainda não encontrou elementos que comprovem o envolvimento de Geraldo Pudim nas supostas contratações de ativistas "profissionais". Porém, ele informou que pretende se reunir com o parlamentar para esclarecer a situação.
Com a quebra do sigilo bancário dos suspeitos, a polícia espera rastrear supostas remessas de dinheiro para ativistas "profissionais", que, de acordo com investigadores, compravam alimentos, barracas e passagens para grupos de manifestantes, além de cobrirem outros custos. Um dos beneficiados teria sido Baiano, que, detido por desacato e danos ao patrimônio, acabou sendo solto após o pagamento de fianças. Preso pela última vez durante os distúrbios de 15 de outubro, ele permanece na cadeia sob as acusações de atear fogo a um ônibus e de depredar um carro da PM.
Coordenada pelo Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), a investigação sobre os ativistas "profissionais", realizada em conjunto com a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e a Coordenadoria de Informações e Inteligência (Cinpol), inclui depoimentos de Anderson Harry Grutzmacher, ex-militante do PR que denunciou um suposto esquema de recrutamento de manifestantes.
Anderson chegou a gravar conversas com o secretário-executivo do PR, Fernando Peregrino, e outros integrantes da cúpula do partido. Num diálogo de quase meia hora, eles discutem a contratação de manifestantes para um protesto em frente à casa do senador Lindbergh Farias (PT). Ontem, Peregrino confirmou que se reuniu com Anderson, mas disse não se lembrar do teor da conversa. Ele negou que o PR pague pessoas para se infiltrar em manifestações:
— Não existe isso de o partido pagar militantes. As manifestações de rua ocorreram pela insatisfação com os governos e os políticos. No Rio, o alvo é o governador Sério Cabral, e nosso partido também discorda da maneira como ele governa. Para mim, esse Anderson é que pode ser um infiltrado político, possivelmente ligado ao PMDB.
Ontem, o GLOBO voltou a procurar Geraldo Pudim e Nayt, mas eles não atenderam as ligações. Em nota divulgada numa rede social, Nayt negou conhecer Baiano e Anderson. No texto, ele se apresenta como militante do movimento negro e "ativista da questão racial negra com destaque para a questão quilombola". Para Nayt, a reportagem tenta usá-lo para atingir o deputado Anthony Garotinho. A deputada estadual Clarissa Garotinho (PR), que era presidente da Juventude do PMDB quando Nayt comandava a executiva Afrobrasileira do mesmo partido, também não retornou os telefonemas.
Garotinho não quis dar entrevistas. Segundo sua assessoria de imprensa, o que ele tem a dizer sobre o assunto está em seu blog. Pela internet, o ex-governador afirmou que a direção de seu partido não financiou qualquer grupo para participar de manifestações. "Se alguém o fez, foi por conta própria, e tem o direito de fazê-lo e arcar com as consequências", afirma Garotinho num trecho do comunicado.
O corregedor da Assembleia Legislativa, deputado Comte Bittencourt (PPS), disse que ainda não encontrou elementos que comprovem o envolvimento de Geraldo Pudim nas supostas contratações de ativistas "profissionais". Porém, ele informou que pretende se reunir com o parlamentar para esclarecer a situação.
Publicado no Globo de hoje. Reportagem de Luiz Ernesto Magalhães e Sérgio Ramalho.
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