quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Menos geral, por Luiz Tito


Luiz Tito
A decisão da ex-senadora Marina Silva de ingressar no PSB, após ver vetado o registro oficial do seu partido, a Rede, pelo TSE, além de antecipar ainda mais a disputa eleitoral de 2014, infelizmente, já fez acender o alerta no PT e, principalmente, no PSDB. Ambos já convocaram seus marqueteiros para gerar abobrinhas. O ano de 2013, que se encontra nos seus últimos suspiros, já tinha tudo para ser esquecido.
Na economia, a instabilidade do dólar e a necessidade de majoração do câmbio, para atender antigas demandas da indústria exportadora, acompanhadas de perto pelo sentimento de volta da inflação deixaram o governo Dilma afetado pela sua notória desaprovação popular. Na mesma viagem, ainda, o aumento dos juros bancários, a redução da atividade industrial e da oferta de empregos, a tumultuada gestão de empresas públicas, como exemplo a Petrobras, oprimida politicamente para não reajustar os preços dos combustíveis sem o que se vê engessada na sua necessidade de geração de caixa. Esse é um desconfortável resumo das nossas dificuldades, em confronto com a propaganda oficial, quase sempre, incansável usina de fantasias.
No plano das políticas públicas, a avaliação das ruas sobre as ações das administrações municipais, dos governos estaduais e do governo federal está gravada com marcas de fogo na consciência dos brasileiros. De fogo mesmo, com quebradeiras, paralisações, ocupações, protestos e atos de vandalismo, com prejuízo do patrimônio público e privado. O aumento da violência, a falta de soluções para a vida nas cidades, a corrupção deslavada e solta, o desmando e a desfiguração dos poderes, em especial do Judiciário, são estrelas cintilantes na constelação das nossas dificuldades.
NÃO HÁ PROGRAMAS
Com todo esse quadro lastimável da nossa precária realidade política, social e econômica, de falência da gestão pública, de inversão de prioridades, de descontrole, de descaso e falta de zelo, numa realidade que assalta diuturnamente o erário, as lideranças políticas nacionais, sem programas, sem projetos minimamente confiáveis, sem a menor preocupação com o coletivo, há quase um ano não fazem outra coisa senão fundar partidos de” m”, desculpem-me, ou trocar de filiação, como se daí pudesse resultar qualquer mudança.
A ex-senadora Marina Silva e seu mais recente senhorio, o governador Eduardo Campos, agora se apresentam como correligionários do mesmo partido com o argumento de que estará assim construído um novo eixo de expressão política, além do confronto do PSDB com o PT e seus aliados. Precisava de tanto? O PSB mamou sete anos nos cargos do governo Dilma, ocupou ministérios, bancos, secretarias, andou de carros oficiais com a gasolina e motorista por conta, ganhou salários, fez obras em suas bases, ocupou espaços em nome de compromissos e ganhou musculatura para agora dizer que o país pede um novo eixo de representação nas suas demandas políticas? Entendo o contrário.
A nação está pedindo trabalho, menos politicalha, menos corrupção, menos negociatas, menos obras faraônicas, menos cidades administrativas, menos cargos de confiança, menos gastos públicos, menos interesses políticos, menos ministérios e secretarias, menos empresas de fachada, menos mentiras. Na verdade, o país pede menos de tudo que nossos políticos, com pequenas exceções, e seus partidos hoje fazem. Se tivermos sorte em alcançar essa graça, o país estará melhor. (transcrito de O Tempo)

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