O jornal Le Monde publica um artigo de seu correspondente no Rio de Janeiro, Nicolas Bourcier, que aponta a explosão do valor dos imóveis das favelas logo depois da chegada das UPPs – unidades de polícia pacificadora, criada pelo governador Sérgio Cabral, em 2008, a fim de marcar a presença do poder público nas comunidades pobres.
Uma loja nova das Casas Bahia e vários caixas automáticos para retirada de dinheiro aos pés da favela Santa Marta. Este cenário seria impensável há alguns anos, diz o artigo do jornal francês, lembrando que os traficantes de drogas ainda rodam na área, mas as armas praticamente desapareceram.
Hoje as UPPs se instalaram em trinta comunidades cariocas, perto de áreas turísticas do centro e do sul da cidade, e também dos complexos esportivos que serão utilizados na Copa do Mundo de 2014 e nos Jogos Olímpicos de 2016. “Mas são apenas trinta sobre as quase 1.020 comunidades do Rio…” , escreve o correspondente. Lembrando que o índice de mortes violentas caiu 75% e os roubos foram diminuídos pela metade na Favela Santa Marta, o jornalista aponta a consequência da pacificação: a explosão dos preços dos imóveis.
O exemplo citado indica que 72 horas depois da chegada das UPPs, a alta chega a 50%. Na comunidade de Parque União, centenas de famílias foram afetadas e estão ameaçadas de expulsão depois do aumento de 100% de seus aluguéis. No sul da cidade, observa Nicolas Bourcier, estrangeiros e cariocas da classe média, vítimas da bolha imobiliária, adquirem bens nas comunidades, com vistas belíssimas sobre as praias de Copacabana e Ipanema.
O artigo do jornal francês termina com uma pesquisa do Instituto Data Popular e da Central Única das Favelas (Cufa), que mostra que 13% dos habitantes de quatro grandes comunidades pacificadas pertencem agora às classes A e B, para os mais abastados, e C para os que têm um rendimento de médio a baixo.
Fonte: International news
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