quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

OBRA-PRIMA DO DIA - ENGENHARIA Termas Romanas de Gijón, Asturias, Espanha (séculos I e II d.C)



No início do século XX arqueólogos resolveram estudar um local bem ao lado da Igreja de São Pedro, em Gijón. E então se descobriu que as ruinas que despertaram a curiosidade dos cientistas eram de umas termas Romanas. São as famosas Termas de Campo Valdés, Gijón, Astúrias, norte da Espanha.
Depois de muitos testes datou-se as ruínas: são do final do século I d.C. ao início do século II.
Construídas em Gigia, porto naval no Mar Cantábrico, muito importante já naquela época, as Termas de Gijón receberam esse nome depois que os Romanos fundaram ali a cidade que deu origem a Gijón. São consideradas as ruínas Romanas mais importantes do norte da Espanha.
Na Peninsula Ibérica, habitada por celtas e ibéricos, antes dos Romanos não havia nada parecido com as Termas. A água, sem a qual ninguém sobrevive, ainda era retirada de ríos e poços.
Os Romanos achavam que era muito importante o equilibrio entre a mente e o corpo, por isso construíram esse tipo de banhos que podiam ser públicos ou privados, sempre dirigidos por um administrador registrado. Lembremo-nos que Roma era a rainha da Burocracia…
No museu que faz parte do atual complexo das Termas de Gijón, há um vídeo que explica à perfeição como foram construídas e como funcionavam os banhos e os hipocaustos, do qual falamos ontem. Esse sistema, extraordinário, é o que mais chama a atenção em Gijón, talvez porque de todas as ruínas de termas espalhadas pelo antigo Império Romano, os hipocaustos de Gijón são os mais perfeitos.


Na entrada das termas havia o apodyterium (vestiário), tal qual como nos clubes de hoje temos um local para trocar de roupa. Ao lado ficavam o caldarium, o frigidarium, otepidarium e o lacorium ou sudatio (sauna), com colunas de ladrilhos chamadas pilae, formadas por ladrilhos redondos e quadrados, superpostos, e por onde circulava o ar quente. A fornalha era recarregada umas três vezes por dia e a temperatura podia ser igual ou superior a 25°C.


Abaixo um tipo de tijolo quadrado usados nos hipocaustos, por onde passava o ar quente das fornalhas para o piso superior:


Os Banhos, ou Termas Romanas, eram importante local para reuniões. Negócios de Estado, transações comerciais, palestras, debates, contratos os mais variados, música, artes, romances, festas de todo tipo, prostituição, era onde os cidadãos se encontravam e onde gostavam de estar.


Eram frequentados por todas as classes, por ambos os sexos, inclusive por escravos. Pagava-se uma taxa módica para entrar e só as crianças estavam isentas. Havia uma curiosa preferência por horários, hábito herdado das termas originais, i.e. de Roma.
Como em Roma não era seguro sair à noite, as famílias só se aventuravam nas ruas com a luz do sol. Portanto, as termas eram das senhoras na parte da manhã até o almoço. Até o meio da tarde, dos homens. Já no fim do dia começavam a chegar os mais ousados. E à noite era de todos…
Quando transportadas para outras terras, esses hábitos foram junto com as termas, mesmo para terras onde não havia nem risco de sair à noite, nem tanto apreço à dolce vita como já havia em Roma. 

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