No museu de infinito
os passos parecem dançar
Hoje só o vento tece
o tecelão da paisagem
Lá fora a multidão continua fria
fria
os passos parecem dançar
Hoje só o vento tece
o tecelão da paisagem
Lá fora a multidão continua fria
fria
Desmorona o dia nos andaimes de claridades
na cidade de cal e sonhos
todo prédio é sustentado
por uma ilusão
na cidade de cal e sonhos
todo prédio é sustentado
por uma ilusão
O engenheiro viu as coisas turvas
na pavimentação do céu
no vazio das paredes
no pulsar dos muros
no gosto amargo da vitória
na agonia dos vencedores
no monótono
troféu
na pavimentação do céu
no vazio das paredes
no pulsar dos muros
no gosto amargo da vitória
na agonia dos vencedores
no monótono
troféu
O anzol de rampas e viadutos
acaba de cravar
seu último raio
acaba de cravar
seu último raio
Éramos astronautas
percorrendo o meio-fio
Quatro asas
flutuavam
rumo à outra
eternidade
percorrendo o meio-fio
Quatro asas
flutuavam
rumo à outra
eternidade
flor ausente
mar em carne
viva
seu jeito anjo
exterminador
mar em carne
viva
seu jeito anjo
exterminador
palavras somem pelos guardanapos
janelas se desfolham como bandeiras
olhos transbordam pelas pétalas dos teus pêlos
pratos e copos se quebram sem nenhum escândalo
janelas se desfolham como bandeiras
olhos transbordam pelas pétalas dos teus pêlos
pratos e copos se quebram sem nenhum escândalo
acompanho suas pegadas como se fossem
cidades
todas as manhãs jogo minhas asas mortas
no mar
cidades
todas as manhãs jogo minhas asas mortas
no mar
Augusto de Guimaraens Cavalcanti nasceu no dia 19 de julho de 1984. É um talentoso poeta da nova geração. Faz parte do grupo 'Os Sete Novos' ao lado dos poetas Domingos de Guimaraens e Mariano Marovatto. Publicou 'Poemas para se ler ao meio dia', 'Amoramérica' e 'Os tigres cravaram as garras no horizonte'. Apresenta-se constantemente em eventos de poesia no Rio de Janeiro com o CEP 20000. Acaba de publicar o romance 'Fui para Bulgária procurar Campos de Carvalho'.
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