quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A mulher mais triste do mundo - Augusto de Guimaraens Cavalcanti



No museu de infinito 
os passos parecem dançar 
Hoje só o vento tece 
o tecelão da paisagem 
Lá fora a multidão continua fria 
fria
Desmorona o dia nos andaimes de claridades 
na cidade de cal e sonhos 
todo prédio é sustentado 
por uma ilusão
O engenheiro viu as coisas turvas 
na pavimentação do céu 
no vazio das paredes 
no pulsar dos muros 
no gosto amargo da vitória 
na agonia dos vencedores 
no monótono 
troféu
O anzol de rampas e viadutos 
acaba de cravar 
seu último raio
Éramos astronautas 
percorrendo o meio-fio 
Quatro asas 
flutuavam 
rumo à outra 
eternidade
flor ausente
mar em carne 
viva 
seu jeito anjo 
exterminador
palavras somem pelos guardanapos 
janelas se desfolham como bandeiras 
olhos transbordam pelas pétalas dos teus pêlos 
pratos e copos se quebram sem nenhum escândalo
acompanho suas pegadas como se fossem 
cidades 
todas as manhãs jogo minhas asas mortas 
no mar

Augusto de Guimaraens Cavalcanti nasceu no dia 19 de julho de 1984. É um talentoso poeta da nova geração. Faz parte do grupo 'Os Sete Novos' ao lado dos poetas Domingos de Guimaraens e Mariano Marovatto. Publicou 'Poemas para se ler ao meio dia', 'Amoramérica' e 'Os tigres cravaram as garras no horizonte'. Apresenta-se constantemente em eventos de poesia no Rio de Janeiro com o CEP 20000. Acaba de publicar o romance 'Fui para Bulgária procurar Campos de Carvalho'. 

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