sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

No 130º aniversário do filho do Gepetto


É injustiça não haver em todo o Brasil nem uma estátua em homenagem a Pinóquio. Ele é, queiramos ou não, um de nossos Pais da Pátria.
Antes de apanhar, esclareço que como paulistana nata sei que hoje é aniversário da cidade de São Paulo. Sei também, e por motivos óbvios, do extraordinário valor da imigração italiana que chegou aqui mais ou menos na mesma época do nascimento do bravo burattino, 1883.
Gepetto, o marceneiro pai do boneco, usou um pedaço de madeira falante que apareceu misteriosamente em sua oficina. Criativo e sonhador, quer fazer de seu burattino um boneco muito especial. Por que relembro o detalhe? Para ser justa com Pinóquio. Ele é mentiroso, vá lá, mente a ponto de seu nariz ficar vermelho e crescer, mas o pai tem culpa nisso: criou o boneco na fantasia. Foi ou não foi?


Minto também. E afirmo que Pinóquio, cansado do frio e apaixonado por uma bambolasestrosa, passou aqui boa e prolífica temporada.
O dado concreto é que aqui mentira sempre foi mato. Mente-se adoidado. Mente a criança para a mãe, o aluno para o professor, o funcionário para o chefe, a noiva para o padre, o marido para a mulher, o deputado para o senador, o senador para o ministro, esse para a presidente, que mente para o distinto eleitorado.
E a Imprensa, essa sua queridinha?, podem me perguntar. E eu de bate-pronto respondo: também mente. Mas como o que ela fala, transmite e publica fica gravado, é mais fácil para nós, os herdeiros do Pinóquio, com o treino de anos e anos, sermos mais espertos que os jornalistas, separar o joio do trigo, e jogar o joio fora!
Todo o Brasil mente. Pinóquio pode se orgulhar de sua descendência aqui do lado de baixo do Equador. Lá na bota também tem muitos bugiardi, mas isso é lá com eles.
Nosso problema é aqui. Qual o país onde a presidente da República, num comunicado à Nação, em cadeia nacional de Rádio e TV, divide o povo entre nós e eles? Amigos e inimigos? Cowboys e índios? Queridos e não queridos?
Qual outro lugar um candidato a Presidente do Senado Federal – o quarto cargo da República – tenta manter sua candidatura secreta porque se a expuser demais pode dar zebra?
E o ataque do MST? Você conhece outro país onde invadam a sede de uma instituição que pertence a um ex-presidente da República e que a única reação do invadido seja dizer que ficou chatiado? Existe algo mais pinoquial que esse chatiado?
Uma estátua para o aniversariante Pinóquio, lá no Eixão, seria da maior justiça. A ministra da Cultura podia encampar minha ideia. E pedir ao escultor que criasse um grupo bem representativo do Brasil e do local onde a estátua seria erguida: Pinóquio,a Maria-Regalada e o Major Vidigal em animadas transações. Ia ser supimpa!

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