quarta-feira, 14 de novembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - GRAVURA E PINTURA Albrecht Dürer: Barbara e Santana


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
14.11.2012
 | 12h00m

O talento, a ambição, a inteligência aguda desse homem que tinha os mais variados interesses e gostava de estudar e de aprender, granjearam-lhe a atenção e a amizade das mais importantes figuras da sociedade alemã.
Tornou-se artista oficial dos imperadores do Sacro Império Romano, Maiximiliano I e seu sucessor Carlos V, para quem Dürer fez vários desenhos e auxiliou no planejamento e execução de alguns projetos. Em Nuremberg, então um centro cultural vibrante e um dos primeiros a adotar os princípios da Reforma, Dürer convivia com os mais destacados teólogos e mestres, inclusive com Erasmo de Rotterdam.
Para a sede da Prefeitura de sua cidade ele criou dois painéis tendo como tema os Quatro Apóstolos (hoje estão no Museu de Arte Antiga de Munique). Nesses painéis ele colocou textos de Martinho Lutero, onde o Reformista agradecia Nuremberg ter adotado o Luteranismo.
Centenas de desenhos, cartas, entradas em diários registram as viagens de Dürer pela Itália e pelos Países Baixos, documentando sua insistente busca do conhecimento científico e como era um exigente crítico de arte.

A mãe de Dürer aos 63 anos - Barbara Helfer (ou Holfer), aos 63 anos. Essa comovente gravura foi feita pelo artista em 1514 – por ela perpassa muita ternura, mas não deixa de ser impiedosamente realista. Ela já estva gravemente enferma e morreria dois meses depois de posar para o filho. Dürer era muito ligado à mãe e ficou ao seu lado durante toda sua agonia. Depois de sua morte escreveu numa carta que ela tinha tido uma morte difícil, que sofrera para morrer e “eu sofri tanto por ela que nem sei como contar o que senti”.
O texto no alto á direita diz: "Essa é a mãe de Albrecht Dürer aos 63 anos"; em letras menores: “ela faleceu no ano de 1514, na terça-feira antes do Dia da Rogação, aproximadamente duas horas antes da noite cair”.
Gravura, 1514, 30.2 x 42.1 - Museu de Gravuras e Desenhos, Berlim




A Virgem, o Menino e Santana foi obra feita para devoção pessoal. Talvez Dürer tenha se inspirado em Giovanni Bellini. A devoção a Santana era muito difundida na Alemanha.
A modelo para Santana foi sua mulher, Agnes, como comprovado num esboço assinado que está na Coleção Albertina, em Viena. A assinatura em forma de monograma e a data foram acrescentadas bem depois da execução da obra, mas tudo leva a crer que essa seja a data exata, pois foi quando Dürer começou a se interessar pelos ensinamentos de Martinho Lutero.
Outra prova considerada pelos estudiosos das obras de Dürer são o tema e a emoção intensa do artista ao registrar as expressões nos rostos de Santana e sua Filha com o Menino adormecido. Segundo os críticos, o olhar e a postura das duas sugerem a influência da crença adotada por Dürer nos ensinamentos de Lutero.
Óleo sobre madeira, c.1519, 60 x 49.8 cm - Metropolitan Museum of New York



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