terça-feira, 28 de agosto de 2012

UM SOBREVIVENTE



Ralph J. Hofmann
Recebo do Giulio Sanmartini  um artigo sobre Pavel Galitsky um sobrevivente dos campos de prisioneiros russos, agora com 100 anos.
Façamos as contas. Nasceu em 1911 Pelo artigo calculamos que deu entrada no campo de Kolyma em fins da década de 30. Ficou lá durante 15 anos, quando ainda era reativamente jovem. Caso contrário não estaria presente para contar as suas vivências.
Perguntado o que faria se confrontado com seu inquiridor comenta: ” “Cuspiria na cara dele, mas não há perigo disto. Poucos de meus torturadores devem estar vivos a esta altura”.
Pavel Galitsky fora jornalista. Trabalhava para um jornal cuja voz era tão controlada como qualquer outra no ambiente da época, com Stalin ainda no poder. Calcula que sua dissidência deve ter ocorrido por qualquer comentário levemente crítico relatado por algum delator.
Sempre costumamos dizer que o projeto dos campos de extermínio alemães veio da Rússia. A leitura das declarações de Pavel (um homem  lúcido, que opera computadores, relaciona-se na Internet por Skype, conta piadas, canta e dança mesmo com a idade que atingiu, nos leva a crer que os russos, chegavam a ser mais eficazes do ponto de vista do extermínio do que os alemães.
A polícia secreta russa tinha quotas para executar, quotas para aprisionar quotas para condenara  10 anos de transporte à Sibéria e quotas para 25 anos. Pavel recebeu um acréscimo de pena de 5 anos por suas “atitudes”, ou seja, sarcasmo.
Mas fosse qual fosse a condenação a perspectiva d e sair de Kolyma era mínima. Era uma mineração de ouro em território onde as temperaturas ficam até 35 graus negativos. Usando meios primitivos de produção. A comida era uma sopa rala de peixe salgado com repolho roxo e mais meio quilo de pão preto por dia.
De cada grupo de mil e quinhentos prisioneiros trazidos, ao fim de noventa dias não restavam mais de 450.
Num aspecto por russos não se interessavam pela eficiência. No registro da quantidade de prisioneiros recebidos e quantos sobreviviam. Por isto não se sabe exatamente, mas calcula-se que Kolyma tenha recebido. 2,5 milhões de condenados e menos de dez por cento sobreviveram. Há outra estatística desconhecida. Quanto do ouro minerado foi desviado para esquemas dos administradores.
Uma das teorias é que foi em parte renda de esquemas como Kolyma, longe das vistas da metrópole em Moscou que de uma ou outra forma geraram os recursos para a formação de algumas das grandes fortunas russas pós Glasnost.
Peço que os leitores lembrem. Os perpetradores destas barbaridades são os inspiradores de nossos atuais governantes.
Inclusive no provável destino das “sobras” de ouro da mineração.
(1) Fotomontagem: Pavel Galitsky e o gulag de Kolyma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário