quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Salve-se quem puder: ex-capacho da ditadura, para tirá-lo do Ministério das Minas e Energia querem “dar” a Lobão a presidência do Senado


Ricardo Setti

Lobão: (Foto José Cruz/ Agência Brasil)
Na política brasileira, parece — torçamos para que só pareça — que quanto mais pesada a ficha do cidadão em questão, mais possibilidades ele tem de galgar postos.
O lulalato só acentuou esse traço, que já vem de longe.
Vejam este caso, de agora, de hoje, noticiado pelo site de VEJA: porque quer um titular técnico, que entenda do assunto, à fente do Ministério das Minas e Energia — o ministro Edison Lobão, velho político, conhece energia somente na qualidade de quem sabe acender e apagar o interruptor de luz –, a presidente Dilma Rousseff trabalha para retirá-lo do cargo.
Até aí, tudo bem. Certamente a saída de Lobão preencherá uma lacuna.
Para isso, porém, pretende fazê-lo presidente do Senado.
Num país “normal”, ser presidente do Senado, a casa que reúne os representantes dos Estados, com mandato de 8 anos, e que tem altas responsabilidades ditadas pela Constituição, é muitíssimo mais do que ocupar uma pasta de ministro, servidor passível de demissão por uma canetada, e até por telefone — como fez Lula durante seu governo com o então ministro da Educação Cristovam Buarque.
Então, Dilma, embora tenha boas relações com Lobão, quer livrar-se dele instalando-o nesse altíssimo cargo.
E quem é Lobão?
Lobão era um simples jornalista do Maranhão que escrevia sobre política, em Brasília, para jornais decadentes do Rio de Janeiro que já não existem mais quando suas ligações com o senador José Sarney (PMDB-AP) o levaram a eleger-se deputado federal em 1978 pelo então partido do regime militar, a Arena. Posteriormente, se reelegeu pelo sucessor da Arena, o PDS, e continuou a ser o que era: um incondicional, um capacho da ditadura militar que, como jornalista, sempre defendeu.
A partir daí, foi senador, governador do Maranhão, senador de novo etc etc.
Desde 1978 só fazendo política, Lobão conseguiu a proeza de se tornar riquíssimo — graças, claro, ao especial tirocínio de que são dotados certos políticos para os negócios, exercido evidententemente nos poucos intervalos de sua dedicação integral à carreira púbica.
Sua ficha, para resumir, se completa com a maravilhosa circunstância de que ele não vê probema algum em ter o filho como seu suplente no Senado. Licenciado pela segunda vez para ser ministro – durante o lulalato, já permanecera dois anos no posto –, seu rebento, Lobão Filho, desfruta de todas as prerrogativas de senador da República sem jamais ter recebido um único voto.
Pelo descrito, Lobão parece dispor, de fato, de todas as qualidades para estar bem num governo do lulo-petismo.

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